MOSCOU - Navios russos zarparam nesta segunda-feira para manobras no Caribe, programadas para sinalizar aos Estados Unidos o ressurgimento da Rússia como potência militar e política global.
O exercício, resultado de uma sólida aliança com o presidente antiamericano da Venezuela, Hugo Chávez, será atentamente acompanhado pelas Marinhas ocidentais, por ser a primeira mobilização russa desse tipo - tão próxima da costa dos EUA - desde o fim da Guerra Fria.
O porta-voz naval Igor Dygalo disse que o cruzador 'Pedro, o Grande', movido a energia nuclear e portando mísseis, partiu da sua base perto de Murmansk, junto com o destróier anti-submarino Almirante 'Chabanenko' e dois navios de apoio, para a viagem de 15 mil milhas até a Venezuela.
As relações entre Rússia e EUA passam por um dos seus piores momentos nos últimos anos desde que Moscou ocupou a vizinha Geórgia para proteger as regiões separatistas da Ossétia do Sul e Abkházia, no começo de agosto.
A Rússia reagiu com irritação à presença de navios militares norte-americanos no mar Negro, que Moscou considera ser sua esfera de influência. Os EUA enviaram as embarcações para fornecer ajuda à aliada Geórgia.
Dygalo não comentou relatos da imprensa de que submarinos nucleares também participariam do exercício e que outros navios russos iriam à Síria, onde Moscou já manifestou intenção de instalar bases.
- Durante a viagem os navios vão participar dos primeiros exercícios conjuntos com a Marinha venezuelana, a fim de treinar simulações e operações de resgate contra terroristas do mar - disse Dygalo. A missão deve levar vários meses.
Nos anos que se seguiram ao colapso soviético, as Forças Armadas russas, antes tão orgulhosas de si, declinaram rapidamente, devido à falta de verbas. Em alguns momentos, aviões e navios não podiam sair por falta de combustível.
Mas a recuperação econômica, ajudada pelo preço do petróleo, permitiu que o Kremlin despejasse dinheiro nos quartéis, que se tornaram símbolo do resgate do poderio russo. Apear disso, analistas ocidentais dizem que a frota naval do país ainda precisa ser modernizada.
No começo do mês, Moscou enviou bombardeiros Tu-160 para a Venezuela, numa aparente reação à confirmação de que os EUA devem instalar um escudo antimísseis no Leste Europeu. A Rússia diz que tal escudo altera o equilíbrio estratégico da região, embora Washington diga não se tratar de uma ameaça à Rússia.
A imprensa russa disse na segunda-feira que a frota enviada ao Caribe pode ser maior e mais armada do que o Ocidente acha, e pode fazer escalas imprevistas.
- Os navios russos serão seguidos por aviões anti-submarino e por submarinos nucleares com mísseis a bordo - disse o jornal Nezavisimaya Gazeta, sem entrar em detalhes.
Outro jornal, o Izvestia, disse que no seu trajeto a frota russa terá de passar pelo estreito de Gibraltar e o Mediterrâneo, onde também há presença naval dos EUA.
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