JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA
O CIR (Conselho Indígena de Roraima), entidade que reúne os índios favoráveis à demarcação contínua da reserva Raposa/Serra do Sol, em oposição aos arrozeiros, endureceu o discurso ontem. O presidente da entidade, Dionito de Souza, disse que os indígenas ligados ao conselho não cumprirão nenhuma decisão que determine a criação de "ilhas" na Raposa, como querem os arrozeiros.
"Nunca mais vamos aceitar isso", afirmou. "Nós não temos nenhuma terra para onde ir." Destoando do clima de tranqüilidade que a reportagem encontrou ontem na sede do CIR, em Boa Vista, Souza foi taxativo sobre um possível revés no julgamento de hoje, no STF (Supremo Tribunal Federal): "Daí vai ter sangue e o mundo não vai gostar de ver todos esses índios morrendo".
Para ele, a culpa de um possível confronto será "do STF, do homem branco, dos agricultores, mas não dos índios".
Na segunda, o tom era mais pragmático. Dionito afirmara que o CIR estava "aguardando a Justiça funcionar" e que, se fosse para usar a força, "já teríamos feito isso há 10 mil anos".
Já Adeildo Barbosa, da Sodiurr (Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima), entidade rival do CIR e favorável à permanência dos não-índios na reserva, adotou um discurso ambíguo. Disse que cumprirá a decisão, mas que haverá conflito de qualquer maneira: "Mesmo com a decisão, pode ser que depois a gente continue brigando, se o CIR não deixar a gente trabalhar na nossa terra".
Ontem, mais de 500 indígenas favoráveis à demarcação contínua de Raposa/Serra do Sol se juntaram aos cerca de 300 que já estavam concentrados na região da Vila Surumu, localizada dentro da reserva e foco da mobilização entre índios contra e a favor da demarcação contínua. Outros 200 índios devem chegar hoje de outras reservas, disse o coordenador regional do CIR, o índio macuxi Walter de Oliveira. Eles irão acompanhar o julgamento do STF pela TV ou por rádio.
A rua principal de Surumu virou símbolo da divisão entre índios pró e contra a demarcação contínua. De um lado da rua ficam concentrados os grupos favoráveis à confirmação da demarcação contínua. Do outro ficam os que desejam a criação de "ilhas" que preservem a atividade dos arrozeiros.
"O pessoal está acampado nas casas de parentes, na quadra de esportes e na beira do rio Surumu. O clima é de tranqüilidade. Não tem indígena acampado próximo à fazenda do Quartiero. Isso é conversa dele", disse Oliveira. A afirmação é em referência às acusações do arrozeiro e prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero (DEM), líder do movimento contra a demarcação contínua, que disse anteontem que receberia "à bala" índios que tentassem invadir uma de suas fazendas, próxima ao local onde os índios estão concentrados.
O superintendente da Polícia Federal em Roraima, José Maria Fonseca, disse que as informações do setor de inteligência indicam que não haverá conflito e que, na região, há apenas "um clima de expectativa". Ele afirmou que a denúncia de Quartiero foi verificada, mas nada que indicasse uma eventual invasão foi constatado.
Segundo Fonseca, o número de policiais na região continua "o mínimo necessário", mas, a partir de hoje, ele reforçará a segurança nos pontos com nível mais elevado de tensão. Em toda a reserva estão mobilizados entre 150 e 180 policiais, entre agentes da PF e da FNS.
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA
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BRENO COSTA
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O CIR (Conselho Indígena de Roraima), entidade que reúne os índios favoráveis à demarcação contínua da reserva Raposa/Serra do Sol, em oposição aos arrozeiros, endureceu o discurso ontem. O presidente da entidade, Dionito de Souza, disse que os indígenas ligados ao conselho não cumprirão nenhuma decisão que determine a criação de "ilhas" na Raposa, como querem os arrozeiros.
"Nunca mais vamos aceitar isso", afirmou. "Nós não temos nenhuma terra para onde ir." Destoando do clima de tranqüilidade que a reportagem encontrou ontem na sede do CIR, em Boa Vista, Souza foi taxativo sobre um possível revés no julgamento de hoje, no STF (Supremo Tribunal Federal): "Daí vai ter sangue e o mundo não vai gostar de ver todos esses índios morrendo".
Para ele, a culpa de um possível confronto será "do STF, do homem branco, dos agricultores, mas não dos índios".
Na segunda, o tom era mais pragmático. Dionito afirmara que o CIR estava "aguardando a Justiça funcionar" e que, se fosse para usar a força, "já teríamos feito isso há 10 mil anos".
Já Adeildo Barbosa, da Sodiurr (Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima), entidade rival do CIR e favorável à permanência dos não-índios na reserva, adotou um discurso ambíguo. Disse que cumprirá a decisão, mas que haverá conflito de qualquer maneira: "Mesmo com a decisão, pode ser que depois a gente continue brigando, se o CIR não deixar a gente trabalhar na nossa terra".
Ontem, mais de 500 indígenas favoráveis à demarcação contínua de Raposa/Serra do Sol se juntaram aos cerca de 300 que já estavam concentrados na região da Vila Surumu, localizada dentro da reserva e foco da mobilização entre índios contra e a favor da demarcação contínua. Outros 200 índios devem chegar hoje de outras reservas, disse o coordenador regional do CIR, o índio macuxi Walter de Oliveira. Eles irão acompanhar o julgamento do STF pela TV ou por rádio.
A rua principal de Surumu virou símbolo da divisão entre índios pró e contra a demarcação contínua. De um lado da rua ficam concentrados os grupos favoráveis à confirmação da demarcação contínua. Do outro ficam os que desejam a criação de "ilhas" que preservem a atividade dos arrozeiros.
"O pessoal está acampado nas casas de parentes, na quadra de esportes e na beira do rio Surumu. O clima é de tranqüilidade. Não tem indígena acampado próximo à fazenda do Quartiero. Isso é conversa dele", disse Oliveira. A afirmação é em referência às acusações do arrozeiro e prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero (DEM), líder do movimento contra a demarcação contínua, que disse anteontem que receberia "à bala" índios que tentassem invadir uma de suas fazendas, próxima ao local onde os índios estão concentrados.
O superintendente da Polícia Federal em Roraima, José Maria Fonseca, disse que as informações do setor de inteligência indicam que não haverá conflito e que, na região, há apenas "um clima de expectativa". Ele afirmou que a denúncia de Quartiero foi verificada, mas nada que indicasse uma eventual invasão foi constatado.
Segundo Fonseca, o número de policiais na região continua "o mínimo necessário", mas, a partir de hoje, ele reforçará a segurança nos pontos com nível mais elevado de tensão. Em toda a reserva estão mobilizados entre 150 e 180 policiais, entre agentes da PF e da FNS.
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