Militante preso diz que grupo se exercitou em campo do radical Lashkar-i-Taiba; alta tecnologia marcou ação
AP, NYT E WP
Os terroristas que lançaram os atentados em Mumbai passaram três meses em campos do grupo Lashkar-i-Taiba, no Paquistão, treinando para os ataques da semana passada, declarou à polícia indiana o único militante preso, Ajmal Amir Kasab, de 21 anos. O terrorista, que recebeu ao todo 18 meses de treinamento, contou que os militantes responsáveis pelos ataques em Mumbai, oeste da Índia, receberam aulas sobre armas, sobrevivência e navegação.
Segundo um ex-funcionário do Departamento de Defesa dos EUA, a inteligência americana teria informações de que militares paquistaneses da reserva e agentes do serviço de inteligência do Paquistão, a ISI, ajudaram no treinamento. Aparentemente, não há ligações com o governo do Paquistão, afirmou o funcionário, que falou em condição de anonimato.
Oficialmente, a organização islâmica Lashkar-i-Taiba foi banida do Paquistão, mas ela manteria conexões com a poderosa e independente agência de inteligência paquistanesa.
Os militantes responsáveis pelos ataques em Mumbai contaram com equipamentos de alta tecnologia durante o treinamento e a execução do plano. Eles estudaram os locais dos ataques graças a imagens de satélite de alta definição, como as usadas nos mapas do programa Google Earth. “Eles ganharam familiaridade com as ruas da cidade e prédios aos quais se dirigiram”, disse o especialista em terrorismo Praveen Swami.
Para chegar de barco da cidade paquistanesa de Karachi a Mumbai eles usaram um aparelho de GPS com rotas bem detalhadas. O equipamento foi encontrado no barco usado pelo grupo. Todos os terroristas usavam celulares com acesso à internet e tinham múltiplos chips, trocados com frequência para dificultar o rastreamento. Eles também preferiram fazer chamadas via internet, por ser mais difíceis de rastrear, e usaram um telefone via satélite.
Segundo a polícia, o esforço para evitar o rastreamento continuou durante os ataques. Os militantes roubaram celulares de vítimas para comunicar-se uns com os outros. Vários telefonemas também foram feitos a Yusuf Muzammil, no Paquistão. Muzammil é um dos líderes do Lashkar-i-Taiba, procurado pela polícia da Índia. No interrogatório, Kasab teria confirmado que Muzammil foi um dos mentores dos atentados de Mumbai.
“Os terroristas não teriam conseguido lançar tais ataques se não fosse a tecnologia que usaram”, afirmou G. Parthasarathy, especialista em segurança interna da polícia de Nova Délhi. “Mas, graças à nova realidade da vida moderna, muitas vítimas presas nos hotéis também puderam mandar mensagens de texto ou acessaram a internet para tentar fugir.”
Kasab também disse à polícia que sua família, que vive no vilarejo de Faridkot, no Punjab, receberia US$ 1.250 caso ele fosse morto nos ataques.
A mensagem de voz atribuindo a autoria dos ataques ao grupo Deccan Mujahedin, enviada por e-mail à mídia indiana, partiu de um servidor em Moscou. Mas especialistas em informática disseram que o e-mail original foi enviado de Lahore, no Paquistão. Um software de reconhecimento de voz teria sido usado para tirar o sotaque regional, tornando mais difícil para a polícia reconhecer a etnia e a origem geográfica do autor da mensagem.
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