Riquezas minerais, terras férteis e fronteiras nacionais explicam uma parte do conflito pela demarcação de terras indígenas em Roraima. Mas mesmo que o supremo consiga resolver a questão, o caso da reserva Raposa Serra do sol comprova que há problemas muito mais abrangentes em jogo.
Na Raposa Serra do Sol, o horizonte parece infinito e a riqueza sem limite. “Tem muito ouro e diamante, então é mais por isso que querem essa área”, diz a wapixana Maria Antonia dos Santos.
E quem não quer um pedaço dessa terra? Planícies ideais para o cultivo de arroz, sobra espaço no lavrado para a criação de gado e basta percorrer estradas, perto de belíssimos rios e cachoeiras, para encontrar outras riquezas.
No banho do Paiuá, um dos pontos turísticos do município do Uiramutã., recentemente, o serviço geológico do Brasil fez furos nas rochas a procura de minerais. E dias atrás, garimpeiros foram retirados da areia, eles estavam à procura de ouro.
Na praia, usada nos fins de semana por moradores de Uiramutã, foi aberto um grande buraco. “Estavam lavando essa terra e pegando ouro, bastante ouro. Foi preciso que a gente viesse aqui e conversasse com eles que esse aqui é o banho da cidade e não poderia ser degradado dessa forma”, conta Miguel da Silva Araújo, secretário de Agricultura de Uiramutã”.
Em outro lugar, perto de onde cristais brotam do chão, encontramos equipamentos usados no garimpo, atividade proibida na reserva. Procuramos um pouco mais e finalmente, descendo a ladeira, vemos dois homens trabalhando dentro d´água. Observamos com paciência, e alguns minutos depois surgem vários pontos dourados brilhando no fundo da batéia. “Todo dia, tem vezes que a gente faz dois gramas, três gramas. Tem semana que é assim 10, 14, 15 gramas”, conta o índio macuxi Edson da Silva.
Um mapa de Roraima feito pelo serviço geológico do Brasil, do Governo Federal, mostra que as principais reservas minerais do estado ficam localizadas sobre as reservas Yanomami e Raposa Serra do Sol. Tem ouro, diamante, nióbio e outros minerais nobres.
Com a demarcação em área contínua, fazendeiros e não índios terão que sair da reserva. Fato que preocupa o governador de Roraima. José de Anchieta Filho acredita que a fronteira ficará desprotegida. “Nós temos aqui cerca de 960 quilômetros de fronteira com a Venezuela e mais 960 quilômetros com a Guiana Inglesa. Se permitirmos que isso aconteça, o que vai acontecer? Daqui a pouco toda a fronteira está demarcada como área indígena, tirando toda a presença de não índio, de militares dessa área e deixando apenas sob a jurisdição apenas dos índios de manter a soberania e a vigilância dessa fronteira. Esse é o perigo”, afirma o governador.
“Não é ameaça à soberania nacional. Lá na reserva Raposa Serra do Sol existem três pelotões onde o exército deve cumprir seu dever constitucional. Então, por aí, não é uma ameaça porque nós acreditamos na nossa instituição legalmente criada que é o exército”, diz o líder indígena, Júlio Macuxi.
O governo de Roraima quer um plano de desenvolvimento econômico sustentável dentro da reserva, que inclui a construção de uma hidrelétrica no rio Cotingo. Índios ligados a Sodiur, associação que defende a permanência de arrozeiros e comerciantes, apóiam a idéia. “Uma área imensa, que dá para nós trabalhar, dá para nossos filhos trabalhar, dá para outros não índios trabalhar porque são parceiros”, defende o líder indígena Adelino Pereira.
A exploração das riquezas também está nos planos do CIR, o Conselho Indígena de Roraima, que exige a saída de todos os não índios dali. Desde 2003, a maior ONG ambientalista do mundo, a The Nature Conservancy, que recebe dinheiro dos governos dos Estados Unidos, Reino Unido e França financia o CIR em projetos para identificar áreas de agricultura, pecuária e até de mineração - atividade ainda não aprovada por lei.
“Nós acreditamos que é possível, assim como existe em outros lugares do mundo, que os indígenas participem de atividades minerarias, desde que isso seja muito bem regulamentado pelo governo brasileiro”, defende a representante da ONG no Brasil. Ana Cristina Barros.
O trabalho de ONGs e igrejas é visto com desconfiança por militares, que temem a influência de estrangeiros sobre os índios. Outra preocupação é o contrabando de ouro e pedras preciosas.
Apesar da presença de pelotões dentro da reserva, oficiais dizem que estrangeiros podem circular sem controle na terra indígena e atravessar livremente o rio Maú, que faz divisa com a Guiana, onde o barqueiro faz a viagem sem qualquer fiscalização.
O general Heleno Ribeiro, comandante militar da Amazônia, criticou a política indigenista do governo e por isso foi repreendido pelo presidente Lula. “É só ir lá olhar as comunidades indígenas para ver que essa política é lamentável, para não dizer que é caótica”, disse o general em abril.
“O que está em jogo é o fato de se estar criando uma situação de risco, que pode vir a se transformar numa ameaça concreta a soberania do país”, acredita o general Alberto Cardoso. O general, ex-chefe do gabinete militar da presidência, reflete uma corrente de opinião dentro do exército. Assim como muitos oficiais, ele acredita que num cenário de radicalização, os índios possam ser estimulados a criar um estado independente.
“Basta que se decida, que ali tem um território, tem uma nação, vamos criar um estado e transformar esse estado em algo independente. Um ente político independente e aí já se foi a nossa soberania e vai se criar uma situação conflituosa”, dia o general.
Para ONGs, a Igreja Católica e os índios do CIR, a preocupação dos militares não faz sentido. “Se a igreja tem algum pecado é de trabalhar pela promoção da vida e da dignidade das pessoas e esse pecado nós não temos medo de confessar”, diz o bispo de Roraima, Dom Roque Paloschi.
“Nós acreditamos que dizer que os povos indígenas são ameaça à soberania nacional é crime de racismo contra os povos indígenas", diz o líder indígena, Júlio Macuxi.
Nas próximas semanas, o Supremo Tribunal Federal vai decidir se a demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, de forma contínua, será mantida como quer a Funai ou se será feita uma revisão do processo, como pede o governo do estado de Roraima.
O julgamento não definirá o caso de Roraima, mas não resolve uma questão ainda maior: o que queremos fazer com a Amazônia e como vamos tratar nossos índios.
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Meus caros leitores, ao ler e refletir sobre o tema acima vem várias perguntas em minha cabeça sem respostas que me tiram o sono.
O porque desde 2003, a maior ONG ambientalista do mundo, a The Nature Conservancy, que recebe dinheiro dos governos dos Estados Unidos, Reino Unido e França financia o CIR (Conselho Indigenista de Roraima) ? O governo FHC evitou homologar as terras em áreas contínuas que foram estabalicidas em 1998. O argumento do governo, era que a área era desproporcional e oferecia riscos a soberania do país a médio prazo (lembrando que hoje, 15/05/08 um jornalista alemão perguntou ao Lula, que estava ao lado da primeira ministra alemã, o que ele achava sobre o direito da comunidade internacional sobre a Amazônia). Em 2003 Lula assumiu e foi quando a ONG passou a financiar o CIR e em 2005 acontece o que? BINGO! Lula homologa a terra em áreas contínua ignorando os militares, a bancada do estado de Roraima e outros políticos de diferentes regiões do país.
Se The Nature Conservancy quer tanto ajudar o meio ambiente o porque não promove protestos pela Europa que recentemente tomou a decisão de voltar a usar o carvão como fonte de energia, que é o modo mais poluidor? O porque não atuam sobre a Rússia e principalmente sobre a China que é o país que mais desmata em prol do desenvolvimento? Se querem ajudar os povos oprimidos, lembrando que não é o caso dos índios brasileiros, o porque não ajudam a população de Mianmar, do Tibet, da Cpréia do Norte, do Sudão? Se querem ajudar os seres humanos o porque não ajudam as pessoas que foram atingidas por desastres naturais? Porque nao ajudam os refugiados, os que sofrem de AIDS e não tem tratamento, os que morrem de fome no continente africano? Porque não ajudam os palestinos? Sabe porque eles não ajudam? É porque não tem nada para oferecer em troca e nos temos a região mais rica do planeta, a Amazônia. O porque financiam o CIR que exige a retirada de todos sendo que os índios são amparados pelo estado brasileiro?
O CIR é ligado a Igreja Católica. Se a Igreja quer ajudar o porque não ajudam o povo africano que é o mais necessitado do planeta? Se eles querem ajudar os índios, o melhor a fazer é se retirarem pois eles estão catequizando os índios e acabando com sua religião e impondo a eles o Deus dos brancos!
A Sodiur (Sociedade Indígena Unidos de Roraima) é a favor da demarcação alternativa que beneficia índios e não-índios. O porque não são financiados por entidades internacionais? Eles também lutam pelos manutenção dos direitos dos povos indígenas. Curioso não?
Os índios ligados ao CIR sempre declaram que não vão aceitar uma decisão do STF que seja contra os interesses deles, dizem que vão recorrer a ONU e a comunidade internacional Se eles são brasileiros na hora de receber seus direitos o porque não agem como tal e na hora de cumprir com seus deveres para com a mais alta corte de justiça do país? Eles declaram que os índios na área de fronteira não é uma ameaça a soberania nacional mas se o STF julgar contra, eles vão expor o país para a comunidade internacional consequentemente o país pode ter sérios problemas pois o Brasil é signatário de um tratado da ONU que define povos indígenas como Nações Indígenas . Isso não é caracterizado como uma ameaça?
Este blog é a favor da demarcação da reserva indígena e dos direitos dos índios, mas esta demarcação tem que ser feita de forma JUSTA, pois tem que levar em conta os outros brasileiros que moram a mais de meio século naquela área. Não se pode demarcar uma reserva que beneficie 19 mil índios em contra partida decreta a inviabilidade de Roraima como um Estado prejudicando severamente sua população.
Obrigado mais uma vez por sua atenção!
Nos ajudem, por favor! O povo de Roraima cumpriu com seus deveres mas não está recebendo seus direitos.
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