A estrada da reserva Raposa Serra/Sol é cheia de pedras que ficam cada vez maiores quando se avança. O vale do arroz, local de conflito entre fazendeiros e índios, tem a terra mais fértil.
Na reserva, os índios se dividem em 194 comunidades espalhadas em 1,7 milhão de hectares. São 18 mil índios que vivem da pecuária, diz o CIR (Conselho Indígena de Roraima), que luta pela demarcação contínua da Raposa/Serra do Sol e, conseqüentemente, pela expulsão dos arrozeiros.
O vale do arroz começa a se mostrar em Vila Surumu, centro do conflito e onde está a fazenda Depósito, de 4.000 hectares, de Paulo César Quartiero, líder dos arrozeiros. Lá é a porta de entrada da reserva. Para Quartiero, Surumu é distrito da cidade de Pacaraima, da qual ele é prefeito pelo DEM.
Para chegar à Raposa/Serra do Sol, deixa-se a rodovia federal BR-174 em um ponto a 180 km de Boa Vista. São 26 km de estrada de chão até a vila que, segundo a prefeitura, tem 900 habitantes. No caminho há uma ponte destruída no confronto iniciado em março entre arrozeiros e índios.
Na vila, há um acampamento do CIR para vigília na fazenda de Quartiero. A 20 km dali, outra vila. A Folha foi informada pela Prefeitura de Pacaraima que lá existem 600 eleitores.
Mais à frente, nova ponte destruída. A estrada chamada Transarrozeira, que dá acesso a outras fazendas de produtores de arroz, fica a 40 km dali. Por lá, Quartiero tem uma segunda propriedade chamada Providência (5.000 hectares).
À frente, os índios montaram um "posto de fiscalização" para impedir que equipamentos cheguem de Boa Vista às fazendas. Seguindo a viagem, a paisagem volta a ficar árida sem o verde das fazendas. (HC E SL)
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