O novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou que vai esta semana à Alemanha, em busca de 150 milhões de euros destinados a projetos amazônicos. Esperava-se, de sua experiência humana, mudança significativa na política nacional do meio ambiente. Agindo assim, o novo ministro parece manter a mesma atitude de dependência colonial que tem marcado a política amazônica em nosso país.
O Brasil deve compenetrar-se de que, sendo soberano sobre aquela vasta região, é seu dever dela cuidar com seus próprios recursos. No governo Dutra, por iniciativa do embaixador brasileiro junto à Unesco, Paulo Berredo Carneiro, chegamos a pedir aos países ricos que interviessem no Vale, mediante o malfadado Instituto Internacional da Hiléia. Agimos como se, de repente, nosso patriotismo mirrasse de todo. Até mesmo as autoridades militares concordaram com a esdrúxula proposta. O ex-presidente Artur Bernardes, que então presidia a Comissão de Segurança Nacional da Câmara dos Deputados, iniciou, solitário, a campanha de defesa do solo brasileiro e impediu que o atentado se consumasse.
Não há ajuda sem condições. No mínimo, ao entregar-nos o dinheiro, os alemães irão participar de sua aplicação. É hora de agradecer gentilmente aos governos estrangeiros, que se preocupam com os nossos macacos e nossas orquídeas, e dizer-lhes que cuidaremos, nós mesmos, da flora e da fauna da Amazônia brasileira. O governo dispõe de recursos obtidos no comércio exterior e chegou a pensar na hipótese de aplicá-los no mercado internacional, mediante a criação de Fundo Soberano. Parte desses recursos deveria garantir a nossa soberania no grande vale.
Alguns ministros do governo Lula não se deram conta do que é a Amazônia. Quando Juscelino decidiu abrir a Belém–Brasília, o mato-grossense Jânio Quadros, então governador de São Paulo, disse que a estrada seria apenas "um caminho de onças". Aquela rodovia e outras iniciadas naquele tempo foram os eixos de ocupação do território e de comunicação entre as duas partes do Brasil que, mais do que hoje, se desconheciam.
A ajuda internacional, em casos de catástrofes naturais, tem sido, ao longo da História, manifestação necessária de solidariedade. A solidariedade, nesse caso, é exigida pelas circunstâncias e não se exerce sob condições de submissão política. Não é esse o caso da Amazônia. Ontem mesmo lembrávamos a intempestiva declaração do senhor Barack Obama de que a Amazônia é um recurso global. Dentro do critério de Obama, o Alaska, com sua biodiversidade, deveria ser também recurso global. Não se sabe como reagiriam os russos se Obama declarasse serem recurso mundial as vastas taigas e tundras siberianas, com suas coníferas, seu solo úmido, como o da Amazônia, seus recursos minerais tão volumosos quanto os nossos. E mais: a Sibéria tem 13,5 milhões de quilômetros quadrados. Toda a Amazônia, com seus 6 milhões, é menos da metade daquela área, e a parcela brasileira pouco passa dos 3,6 milhões de quilômetros quadrados.. A resposta, infelizmente, é dura: os russos têm as armas que nos faltam.
Não nos faltam só as armas. O Estado está ausente da Amazônia, e os estrangeiros já a ocupam, de fato, com suas onegês, seus missionários, seus antropólogos e seus agentes de informação. Quando se fala nos recursos amazônicos, quase sempre se esquece de que o principal deles é o humano. São os caboclos que erguem suas casas sobre palafitas junto aos rios e igarapés, e vivem em condições penosas. É preciso incorporar essas pessoas à vida moderna, com educação, assistência médica, instrumentos tecnológicos, treinamento para a exploração racional dos recursos da floresta e sua comercialização, de forma a que não sejam explorados pelas organizações estrangeiras, madeireiros, grileiros e saqueadores, como ocorre hoje.
Há instrumentos eletrônicos capazes de exercer a vigilância eficiente sobre o território amazônico. É possível, por exemplo, identificar, via satélite, desmatamento e o transporte ilegal da madeira, até o local propício à apreensão das cargas e prisão dos infratores. Ao mesmo tempo em que se levem os benefícios da civilização aos caboclos, é necessária a presença armada nas fronteiras, custe o que custar ao contribuinte brasileiro.
O Brasil deve compenetrar-se de que, sendo soberano sobre aquela vasta região, é seu dever dela cuidar com seus próprios recursos. No governo Dutra, por iniciativa do embaixador brasileiro junto à Unesco, Paulo Berredo Carneiro, chegamos a pedir aos países ricos que interviessem no Vale, mediante o malfadado Instituto Internacional da Hiléia. Agimos como se, de repente, nosso patriotismo mirrasse de todo. Até mesmo as autoridades militares concordaram com a esdrúxula proposta. O ex-presidente Artur Bernardes, que então presidia a Comissão de Segurança Nacional da Câmara dos Deputados, iniciou, solitário, a campanha de defesa do solo brasileiro e impediu que o atentado se consumasse.
Não há ajuda sem condições. No mínimo, ao entregar-nos o dinheiro, os alemães irão participar de sua aplicação. É hora de agradecer gentilmente aos governos estrangeiros, que se preocupam com os nossos macacos e nossas orquídeas, e dizer-lhes que cuidaremos, nós mesmos, da flora e da fauna da Amazônia brasileira. O governo dispõe de recursos obtidos no comércio exterior e chegou a pensar na hipótese de aplicá-los no mercado internacional, mediante a criação de Fundo Soberano. Parte desses recursos deveria garantir a nossa soberania no grande vale.
Alguns ministros do governo Lula não se deram conta do que é a Amazônia. Quando Juscelino decidiu abrir a Belém–Brasília, o mato-grossense Jânio Quadros, então governador de São Paulo, disse que a estrada seria apenas "um caminho de onças". Aquela rodovia e outras iniciadas naquele tempo foram os eixos de ocupação do território e de comunicação entre as duas partes do Brasil que, mais do que hoje, se desconheciam.
A ajuda internacional, em casos de catástrofes naturais, tem sido, ao longo da História, manifestação necessária de solidariedade. A solidariedade, nesse caso, é exigida pelas circunstâncias e não se exerce sob condições de submissão política. Não é esse o caso da Amazônia. Ontem mesmo lembrávamos a intempestiva declaração do senhor Barack Obama de que a Amazônia é um recurso global. Dentro do critério de Obama, o Alaska, com sua biodiversidade, deveria ser também recurso global. Não se sabe como reagiriam os russos se Obama declarasse serem recurso mundial as vastas taigas e tundras siberianas, com suas coníferas, seu solo úmido, como o da Amazônia, seus recursos minerais tão volumosos quanto os nossos. E mais: a Sibéria tem 13,5 milhões de quilômetros quadrados. Toda a Amazônia, com seus 6 milhões, é menos da metade daquela área, e a parcela brasileira pouco passa dos 3,6 milhões de quilômetros quadrados.. A resposta, infelizmente, é dura: os russos têm as armas que nos faltam.
Não nos faltam só as armas. O Estado está ausente da Amazônia, e os estrangeiros já a ocupam, de fato, com suas onegês, seus missionários, seus antropólogos e seus agentes de informação. Quando se fala nos recursos amazônicos, quase sempre se esquece de que o principal deles é o humano. São os caboclos que erguem suas casas sobre palafitas junto aos rios e igarapés, e vivem em condições penosas. É preciso incorporar essas pessoas à vida moderna, com educação, assistência médica, instrumentos tecnológicos, treinamento para a exploração racional dos recursos da floresta e sua comercialização, de forma a que não sejam explorados pelas organizações estrangeiras, madeireiros, grileiros e saqueadores, como ocorre hoje.
Há instrumentos eletrônicos capazes de exercer a vigilância eficiente sobre o território amazônico. É possível, por exemplo, identificar, via satélite, desmatamento e o transporte ilegal da madeira, até o local propício à apreensão das cargas e prisão dos infratores. Ao mesmo tempo em que se levem os benefícios da civilização aos caboclos, é necessária a presença armada nas fronteiras, custe o que custar ao contribuinte brasileiro.
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