sexta-feira, 16 de maio de 2008

Quartiero visita parlamentares e acusa governo de ação terrorista na Raposa

Depois da prisão, passeio no Congresso

BRASÍLIA. Menos de 12 horas depois de ser solto por um habeas corpus, o fazendeiro Paulo César Quartiero, líder dos produtores de arroz que estão em guerra com os índios em Roraima, desfilou ontem pelos corredores e salões do Congresso Nacional. Ele disse que sua prisão foi política, acusou o governo federal de ter feito uma ação terrorista em Roraima e falou que só a presença do Exército poderá garantir a paz no estado. A PF informou que continuará na reserva Raposa Serra do Sol.
O líder dos arrozeiros, que também é prefeito de Pacaraima, em Roraima, estava preso desde o último dia 6 na Polícia Federal sob acusação de ordenar um ataque a índios que invadiram sua fazenda e de posse ilegal de armamentos.
Logo cedo, no Salão Verde da Câmara, conversava animadamente numa roda de deputados, entre eles Clodovil Hernandes (PR-SP) e Jair Bolsonaro (PP-RJ), que anteontem bateu boca com o ministro da Justiça, Tarso Genro, em comissão na Câmara. Depois, visitou outros gabinetes, como o do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), acompanhado por deputados do estado.
A deputada estadual Marília Pinto (PSDB), filha do ex-governador de Roraima Ottomar Pinto (que morreu no final de 2007), cumprimentou Quartiero:
- Tua prisão representa um equívoco do ministro da Justiça - afirmou.
- Isso é bom. Ele está nos ajudando - disse Quartiero. - Foi uma prisão política. Somos opositores do governo federal. O governo seqüestrou as terras do estado. Há uma conspiração para inviabilizar Roraima. Enquanto a PF estiver lá, não há paz. É parcial, é uma polícia política que defende o interesse do governo federal. Paz, só se houver intervenção do Exército brasileiro por um período.
O líder arrozeiro disse que, se predominar o modelo de demarcação contínua das terras indígenas, seu município pode se extingüir. Ele acusou o governo federal de priorizar interesses internacionais e de grupos, em detrimento do interesse do país e da população de Roraima:
- O governo conseguiu uma façanha. Plantar o ódio numa população pacata. Nosso estado está sendo exterminado. Vamos reagir.
Quartiero negou ter armas em casa e afirmou que a ocupação de sua fazenda, por índios, foi armada pelo Conselho Indigenista de Roraima (CIR) e pela Funai:
- Foi um conflito fabricado. Queriam um mártir. Foi uma invasão chapa-branca do CIR, ONG contratada por estrangeiros, com o apoio da Funai. A PF não achou nada. Acharam uns canos velhos, que existem em qualquer casa da região.

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