Três informações dominaram o noticiário no início da semana: Bush confessou ter cometido "um engano", no caso das armas de destruição em massa do Iraque; comprovou-se, com a divulgação de documentos secretos, o acordo do governo espanhol de José Maria Aznar, da Opus dei, com Bush e a CIA, para a escala de aviões carregados de prisioneiros em direção a Guantánamo no território do país; e de acordo com o Times, de Londres, o avô de Barack Obama, prisioneiro dos soldados britânicos, foi torturado e castrado, em 1950, por lutar pela independência do Quênia.
Há quase dois anos o mundo assistiu, pela televisão, à cena trágica e patética da execução de Saddam Hussein, no Iraque. O ex-governante, prisioneiro dos norte-americanos, foi entregue aos verdugos na madrugada e, em seguida, enforcado. Em 1990, ao invadir o Kuwait (incentivado pelos próprios ianques), Saddam deu aos norte-americanos o pretexto para o bombardeio sistemático das cidades com bombas radioativas e, com a cumplicidade européia, o bloqueio comercial do país, até a invasão final, 12 anos mais tarde.
Bush disse que se baseou em informações equivocadas dos serviços de inteligência, sobre a existência de armas de destruição em massa no Iraque. A leitura da imprensa norte-americana da época mostra que jornalistas e políticos importantes advertiram à Casa Branca que as informações eram falsas. Apesar disso, ele determinou a invasão do Iraque, dando continuidade a uma guerra, para a qual, agora, se declarou "não preparado". Acrescente-se que a outra razão para a guerra – a de que Saddam fora cúmplice de Bin Laden nos atentados de 11 de setembro – não tinha tampouco o menor fundamento. Os dois não se entendiam, conforme serviços europeus de inteligência.
Saddam não foi um democrata de modelo ocidental, mas sim, autocrata, como é comum nos países árabes, mas o seu país era o mais aberto do Golfo. Ele autorizava todos os cultos religiosos (seu vice-presidente e chanceler era católico praticante) e concedia às mulheres direitos desconhecidos nos países islâmicos, entre eles o de se educarem nas universidades e ocupar cargos públicos. A aventura bélica de Bush custou a vida de quase 5 mil soldados norte-americanas e de quase 100 mil civis iraquianos, além de 2 milhões de refugiados. Segundo Bush, os mortos, os torturados nas prisões do Iraque e do Afeganistão e de Guantánamo, se devem a uma mentira dos serviços de informação. Um governante estimado pela maioria de seu povo é humilhado, preso em esconderijo precário, submetido a uma farsa de julgamento montada pelos norte-americanos e executado por seus inimigos políticos – tudo por causa de uma mentira. Mas essa confissão é outra mentira: ele invadiu o Iraque a serviço do velho complexo industrial militar, já denunciado por Eisenhower.
Os espanhóis já sabiam que seu território servira de escala para os vôos com prisioneiros seqüestrados em vários países, com destino ao campo de concentração de Guantánamo, mas sempre o governo desmentia o fato. Os documentos publicados por El Pais são veementes, e mostram como o governo de Aznar tentou ludibriar a imprensa. Todos se recordam da vergonhosa reunião dos Açores, na qual os governantes da Espanha e de Portugal se alinharam, incondicionalmente, ao lado de Washington, para a guerra que viria.
Agora se revela que Hussein Onyango Obama – que combatera em Burma contra os japoneses, durante a 2ª.Guerra Mundial, como integrante do Exército Britânico, e retornara ao Quênia – foi barbaramente torturado pelos britânicos, sob suspeita de pertencer ao movimento Mau-mau, que lutava pela independência do país. Assim tem sido o nosso tempo: um homem negro é recrutado, na África, para defender os interesses britânicos na Ásia e ali combate até a vitória. Retorna a sua terra, integra-se no movimento de independência, é preso e castrado a alicate. Seu neto, por uma rebelião das circunstâncias, é eleito presidente dos Estados Unidos onde, provavelmente, continuará defendendo o domínio anglo-saxão sobre o mundo.
Se o Tribunal de Haia é sucedâneo do Tribunal de Nuremberg na punição aos criminosos de guerra, é de se perguntar se, e quando, o presidente Bush será levado ao banco em que se sentou Milosevic, antes que morresse sem assistência médica, na civilizada Holanda.
Há quase dois anos o mundo assistiu, pela televisão, à cena trágica e patética da execução de Saddam Hussein, no Iraque. O ex-governante, prisioneiro dos norte-americanos, foi entregue aos verdugos na madrugada e, em seguida, enforcado. Em 1990, ao invadir o Kuwait (incentivado pelos próprios ianques), Saddam deu aos norte-americanos o pretexto para o bombardeio sistemático das cidades com bombas radioativas e, com a cumplicidade européia, o bloqueio comercial do país, até a invasão final, 12 anos mais tarde.
Bush disse que se baseou em informações equivocadas dos serviços de inteligência, sobre a existência de armas de destruição em massa no Iraque. A leitura da imprensa norte-americana da época mostra que jornalistas e políticos importantes advertiram à Casa Branca que as informações eram falsas. Apesar disso, ele determinou a invasão do Iraque, dando continuidade a uma guerra, para a qual, agora, se declarou "não preparado". Acrescente-se que a outra razão para a guerra – a de que Saddam fora cúmplice de Bin Laden nos atentados de 11 de setembro – não tinha tampouco o menor fundamento. Os dois não se entendiam, conforme serviços europeus de inteligência.
Saddam não foi um democrata de modelo ocidental, mas sim, autocrata, como é comum nos países árabes, mas o seu país era o mais aberto do Golfo. Ele autorizava todos os cultos religiosos (seu vice-presidente e chanceler era católico praticante) e concedia às mulheres direitos desconhecidos nos países islâmicos, entre eles o de se educarem nas universidades e ocupar cargos públicos. A aventura bélica de Bush custou a vida de quase 5 mil soldados norte-americanas e de quase 100 mil civis iraquianos, além de 2 milhões de refugiados. Segundo Bush, os mortos, os torturados nas prisões do Iraque e do Afeganistão e de Guantánamo, se devem a uma mentira dos serviços de informação. Um governante estimado pela maioria de seu povo é humilhado, preso em esconderijo precário, submetido a uma farsa de julgamento montada pelos norte-americanos e executado por seus inimigos políticos – tudo por causa de uma mentira. Mas essa confissão é outra mentira: ele invadiu o Iraque a serviço do velho complexo industrial militar, já denunciado por Eisenhower.
Os espanhóis já sabiam que seu território servira de escala para os vôos com prisioneiros seqüestrados em vários países, com destino ao campo de concentração de Guantánamo, mas sempre o governo desmentia o fato. Os documentos publicados por El Pais são veementes, e mostram como o governo de Aznar tentou ludibriar a imprensa. Todos se recordam da vergonhosa reunião dos Açores, na qual os governantes da Espanha e de Portugal se alinharam, incondicionalmente, ao lado de Washington, para a guerra que viria.
Agora se revela que Hussein Onyango Obama – que combatera em Burma contra os japoneses, durante a 2ª.Guerra Mundial, como integrante do Exército Britânico, e retornara ao Quênia – foi barbaramente torturado pelos britânicos, sob suspeita de pertencer ao movimento Mau-mau, que lutava pela independência do país. Assim tem sido o nosso tempo: um homem negro é recrutado, na África, para defender os interesses britânicos na Ásia e ali combate até a vitória. Retorna a sua terra, integra-se no movimento de independência, é preso e castrado a alicate. Seu neto, por uma rebelião das circunstâncias, é eleito presidente dos Estados Unidos onde, provavelmente, continuará defendendo o domínio anglo-saxão sobre o mundo.
Se o Tribunal de Haia é sucedâneo do Tribunal de Nuremberg na punição aos criminosos de guerra, é de se perguntar se, e quando, o presidente Bush será levado ao banco em que se sentou Milosevic, antes que morresse sem assistência médica, na civilizada Holanda.
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