Mais do que um grupo de superpotências emergentes cujo nariz aponta para a mesma direção, os laços que unem os países que compõem o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) tendem a se estreitar, nos próximos anos, pelo que seus integrantes apresentam de mais heterogêneo: ao mesmo tempo que são competitivos, seus modos de produção são também complementares.
A análise veio à tona ontem no seminário Bric: As Potências Emergentes na Visão da Diplomacia e da Mídia – evento organizado pelo Jornal do Brasil e pela Gazeta Mercantil que discutiu o papel que Brasil, Rússia, Índia e China desempenham na economia global.
Ao dissecar relatório recente do banco de investimentos Goldman Sachs – cujo economista Jim O’Neill foi o autor da sigla "Bric" – o embaixador da República da Índia, B.S. Prakash, ressaltou a diversidade do modo de produção dos integrantes do grupo como fator agregador de suas relações comerciais: a China pelas manufaturas; a Índia pela excelência em prestação de serviços e desenvolvimento tecnológico; a Rússia pelas reservas de petróleo e gás natural; e o Brasil pela tradicional exportação de commodities.
– O Bric representa algo maior, a multipolaridade. Até 89, o mundo apresentava-se bipolarizado. Entre 1990 e 2000, era dominado por uma potência. Nos últimos anos, houve a difusão do poder – disse Prakash. – Hoje em dia há uma pluralidade de perspectivas.
O amplo mercado consumidor interno dos quatro países – que, somados, totalizam 3 bilhões de pessoas – são identificados como principal escudo à crise econômica que abalou a confiança de investidores ao redor do globo.
Promoção
O cônsul-geral da República Popular da China, Li Baojun, destacou que o Bric é uma força de correlação importante no atual cenário. Segundo o diplomata chinês, os quatro países têm, juntos, 42% da população global, e enorme volume de recursos estratégicos de mercado.
– O papel das nações integrantes do grupo é fundamental para a promoção dos países emergentes – acentuou Baojun. – Esses quatro países têm também grande importância geopolítica na resolução de conflitos, além de procurar estabelecer o diálogo norte-sul e as negociações sul-sul.
Segundo o cônsul, entre 2000 e 2007, a contribuição dos países do Bric alcançou a marca de 50% da economia global. Sobre as trocas comerciais entre Brasil e China, Baojun anunciou que a soma pode subir de US$ 32 bilhões para até US$ 40 bilhões.
O diretor do Departamento de Organismos Internacionais do Ministério das Relações Exteriores, ministro Carlos Sérgio Duarte, ressaltou que, em 2035, o Produto Interno Bruto (PIB) do Bric deve ultrapassar o do G7 (grupo dos sete países mais ricos do mundo) e dos EUA.
– O grupo tem um grande potencial e representa uma nova multipolaridade na ordem global – analisou o ministro, citando tamanho do território, população e PIB como traços comuns.
Participaram ainda o CEO da Companhia Brasileira de Multimídia (CBM), Marcos Troyjo, o diretor de Projetos Editorias do JB, Pedro Nonato, o representante da CBM para a Federação Russa, Aleksander Medvedovsky, o presidente da Câmara de Comércio Brasil-China, Charles Tang, o diretor-executivo da Rossiijskaya Gazeta, de Moscou, Eugene Abov, o CEO do The Jai Group, Rakesh Vaidyanatahan, o consultor da Presidência da Petrobras, José Carlos Vidal, o cônsul-geral da Rússia, Alexey Labetskiy. O evento contou com patrocínio da Petrobras e do governo federal.
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