MUMBAI - O governo da Índia renovou a exigência que o Paquistão entregue 20 de seus homens mais procurados num gesto de boa fé, enquanto se intensificaram os esforços diplomáticos para tentar acalmar os ânimos entre os dois vizinhos e rivais nucleares desde os ataques terroristas que deixaram 195 mortos na cidade de Mumbai.
Entre os nomes solicitados por Nova Délhi figura Hafiz Sayeed, suspeito número 1 de planejar os sangrentos ataques da semana passada e chefe do grupo Lashkar-e-Taiba, sediado no Paquistão e ativo na Cachemira.
Apesar da demanda pelos suspeitos, o ministro do Interior da Índia descartou uma ação militar, enquanto seu homólogo paquistanês propôs uma investigação conjunta para encontrar os militantes responsáveis pelos ataques de três dias.
Luto
Israel homenageou nesta terça-feira os seis judeus mortos nos ataques de Mumbai durante um emotivo funeral em Kfar Chabad, perto de Tel Aviv.
Os seis judeus, incluindo quatro israelenses e uma mexicana, morreram no Centro Judaico de Chabad, um dos 10 locais da chacina. Os corpos foram repatriados em um avião da Aeronáutica israelense.
Milhares de pessoas, em sua maioria ultraortodoxos vestidos de negro, se reuniram em Kfar Chabad, reduto do movimento ultraortodoxo Chabad (também chamado Lubavich), para participar da cerimônia prévia ao sepultamento do rabino Gabriel Holtzberg e de sua esposa, Rivka, que dirigiam o centro de Mumbai.
Por sua vez, o secretário de Defesa americano, Robert Gates parabenizou as autoridades indianas por sua “cautela” logo que descartaram recorrer à força contra seu vizinho, Paquistão, onde estariam vários islamitas suspeitos de envolvimento no ataque.
Sua conterrânea, a secretaria de Estado Condoleezza Rice é esperada esta manhã em Nova Delhi para dar entrevistas com dirigentes indianos sobre a cooperação anti-terrorista destinada a reduzir a tensão com o Paquistão.
– Vou consultar o governo indiano para ver o que podemos fazer para ajudar na investigação sobre os atentados – indicou Condoleezza. – Todos devemos cooperar de maneira transparente, por isso me deu satisfação ver o comunicado do governo paquistanês indicando que estava disposto a ajudar.
Por outro lado, diante das críticas sobre o manejo da crise pelas autoridades indianas, surgiram novas perguntas sobre sua capacidade de impedir futuros atentados.
Muitos indianos seguem indignados com os aparentes lapsos dos serviços de inteligência e a reação lenta das forças de segurança aos ataques.
A polícia indiana, a guarda costeira e as comunidades de inteligência procuram por culpados e questionam se havia alguma informação que poderia ter sido usada para impedir o atentado.
Pressionada, a Marinha indiana indicou nesta terça que uma “falha de sistema” nos serviços de segurança e inteligência levou aos ataques dos militantes islâmicos.
– Talvez haja uma lacuna e vamos trabalhar para resolver isso. Existe uma falha de sistema que precisa ser solucionada – disse o almirante Sureesh Mehta, comandante da Marinha.
Fontes de inteligência disseram ao canal de notícias NDTV que tinham emitido uma série de alertas sobre um possível ataque por mar nos meses que precederam os atentados.
O mais recente alerta, avisando que o setor marítimo do grupo militante Lashkar-e-Taiba planejava atacar, foi divulgado somente oito dias antes do incidente, de acordo com o canal de TV.
Os pescadores da região também acusaram o governo de ignorar seus alertas quatro meses atrás sobre militantes usando rotas marítimas para trazer explosivos para Mumbai com ajuda do submundo da cidade.
Mehta conclamou uma coordenação melhor entre agências de inteligência e de segurança, e disse que o governo está ciente do repúdio popular.
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