humanitária em Santa Catarina
Kaiser Konrad
Reportagem e Fotos
Enviado Especial a Navegantes e Ilhota/SC
<- Membros da FAB, EB e FNSP operando em SC
Um dos maiores desastres naturais do País já contabiliza números estarrecedores: 114 mortos, 19 desaparecidos e 78 mil desabrigados. Os deslizamentos de terra e enchentes em Santa Catarina provocaram comoção nacional.
Milhares de doações de alimentos, água, roupas e remédios estão sendo transportadas às regiões mais afetadas. As polícias Civil e Militar do Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, órgãos federais e estaduais e a Força Nacional de Segurança Pública estão participando com helicópteros e equipes de resgate.
Todas as ações são coordenadas pela Defesa Civil/SC. As operações aéreas estão concentradas na região do Vale do Itajaí. No Aeroporto de Navegantes foi montado um Quartel General de operações aéreas e seu comando está a cargo do Tenente Coronel Milton Kern Pinto, do Batalhão de Aviação da Polícia Militar de Santa Catarina.
Segundo ele “estão sendo utilizados simultaneamente 17 helicópteros, e as mudanças repentinas nas condições meteorológicas fazem com que os vôos sejam de alto risco”. Ao Ten Cel Kern estão subordinadas todas as missões aéreas de ajuda humanitária, resgate e apoio na região afetada, o que inclui, também, a participação da FAB, que opera no local dois CH-34 Super Puma, do 3º/8º GAV (BAAF), dois H-1H do 5º/8º GAV, e um H-60 Blackhawk do 7º/8º GAV (BAMN).
As equipes SAR da Força Aérea têm cumprido importantes missões, principalmente as aeronaves H-1H “Sapão” do Esquadrão Pantera (BASM). Um problema enfrentado é que o tamanho dos helicópteros operados pela FAB tem impedido a aproximação em locais de difícil acesso, o que restringiu suas operações. Em alguns momentos as aeronaves ficaram no chão por falta de missão. Planeja-se o uso dos Super Puma para transporte de carga e pessoal até um posto avançado e de lá, através de helicópteros Esquilo e Colibri, será feito o transporte às regiões com dificuldade de aproximação e pouso.
Um detalhe que chamou a atenção de integrantes da Defesa Civil foi os vôos de Comunicação Social organizados pela FAB, onde decolam duas aeronaves, uma delas com ajuda humanitária e outra com equipes de TV, e que tem a finalidade de documentar as ações da Força Aérea Brasileira em apoio às famílias desabrigadas.
Ajuda que vem do céu
As operações de transporte médio de carga estão sendo realizadas a partir da Base Aérea de Canoas. Aviões CASA C-295 FAB 105A Amazonas do 1º/15º GAV – Esquadrão Onça (BACG) e do 1º/9º GAV – Esquadrão Arara (BAMN) transportam água potável, remédios, roupas, equipamentos e alimentos até Navegantes. “Em função da distância e do tempo de carregamento e descarregamento, estão sendo realizadas quatro missões de transporte por dia”, disse o Major Lopes Junior, do Esquadrão Onça.
Chamada de “ponte aérea da solidariedade”, estas missões que duram cerca de 3h30min cada uma podem transportar até 28 toneladas por dia. “Como militar e brasileiro sinto muito orgulho de participar desta missão humanitária”, disse o Tenente-aviador Manoel Marques Carneiro, um dos pilotos do Onça. ”O apoio que estamos recebendo de militares, policiais e voluntários, em qualquer hora do dia ou da noite durante nossas missões têm denotado a importância do trabalho que realizamos em prol de quem precisa da gente”, finaliza.
Os vôos de transporte da V Força Aérea fazem a primeira etapa das operações aéreas de ajuda humanitária em Santa Catarina. O transporte até a população é feito principalmente através de helicópteros. A Polícia Civil do Estado de São Paulo está integrando a operação com um helicóptero Esquilo e quatro tripulantes.
O Pelicano 4 decola de Navegantes e participa de buscas em Ilhota e no Morro do Baú, os locais mais atingidos pelas inundações e deslizamentos de terra. Cada vôo é feito a baixa altura e sempre informando a localização e sentido devido ao tráfego elevado de aeronaves na região. Os tripulantes ficam atentos para qualquer sinal de pessoas isoladas ou necessitando de socorro. O cenário é desolador, as poucas casas que não estavam submersas foram abandonadas. As encostas de alguns morros caíram em avalanches de lama. Localidades inteiras foram abandonadas.
“Nas zonas mais isoladas onde só é possível chegar de helicóptero nós levamos todo tipo de mantimentos. Somente num dia fizemos nove missões. Para executá-las temos uma autonomia de uma hora de vôo em função do peso colocado a bordo”, disse o Delegado Fabio Coan, comandante da aeronave. “Não temos previsão para retornar a São Paulo, estamos aqui para ajudar”.
Exército e Marinha montam operação de guerra
O Comando Militar do Sul colocou suas unidades na região em prontidão. As tropas subordinadas à 14º Brigada de Infantaria Motorizada estão participando do resgate, transporte e atendimento às vítimas. Blindados de transporte M113 da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada estão sendo utilizados devido à dificuldade de locomoção nas ruas enlameadas.
Uma equipe de oito médicos militares do Hospital de Guarnição de Florianópolis está realizando atendimentos na região de Navegantes e Balneário Camboriú. Segundo o Major Farmacêutico Julio Cesar Zanatta, “um número maior de profissionais de saúde poderá ser empregado caso haja uma determinação superior”. Em Blumenau o Comando da Aviação do Exército está operando 5 helicópteros no pátio do 62º Batalhão de Infantaria.
O 5º Distrito Naval enviou a Santa Catarina duas aeronaves UH-12 do 5º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral. Soldados do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais de Rio Grande também foram mobilizados. A Marinha contribui com 47 militares, viaturas e embarcações do tipo “Flex Boat”. Não está descartado o aumento do efetivo das Forças Armadas na região durante a próxima semana.
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