Por Jorge Serrão
O presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima, Paulo César Quartiero, acusa os índios de serem instrumentos para a internacionalização da área ocupada pela reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. O fazendeiro denuncia que os indígenas, servindo de agentes conscientes ou inconscientes de ONGs, pretendem reivindicar, futuramente, o reconhecimento de um Estado autônomo e livre da Federação do Brasil. O objetivo real é explorar as riquezas minerais da “futura nação”. Tudo sob o argumento cínico, apoiado internacionalmente, da “preservação ecológica”.
Os fazendeiros de Roraima e os militares brasileiros concordam que a região é alvo da cobiça da oligarquia financeira transnacional que controla o mercado internacional de minérios. O desgoverno FHC foi impedido por uma ação judicial da União Nacionalista Democrática, quando tentou “doar”, por apenas US$ 600 mil dólares, uma licença de lavra de nióbio em uma reserva que valeria US$ 20 trilhões de dólares. Apenas por coincidência, a lavra ficava na área que foi determinada como Reserva Raposa do Sol. O Brasil detêm 97% do Nióbio do Planeta e misteriosamente uma empresa sediada em Luxemburgo é quem dita as cartas no mercado internacional.
A Raposa do Sol, cuja área de 1,7 milhão de hectares foi reconhecida por Fernando Henrique Cardoso, em 1998, e homologada por Luiz Inácio Lula da Silva, em 2005, faria parte de um plano maior: a criação de uma grande nação indígena no extremo norte do Brasil. O novo “território internacional” atravessaria os Estados do Amazonas e Roraima. As criminosas demarcações de terras indígenas vêm criando uma longa e contínua faixa de terras que inicia na chamada Cabeça de Cachorro, no Amazonas, fronteira com a Colômbia, e segue até Roraima, na linha divisória com a Guiana.
Em Roraima, a Raposa Serra do Sol já está ligada à Reserva São Marcos. O próximo passo é reivindicar o vazio que ainda existe entre essas duas reservas e a terra dos ianomâmis, no outro lado do Estado, para unificar de vez essa faixa, uma área estratégica para o Brasil. Paulo César Quartiero denuncia: “É o interesse internacional que instrumentaliza certos indígenas. Aqui, em todas as reuniões que fazemos, aparece "ongueiro" holandês, espanhol, italiano, inglês, neo-zelandês. Tem todo o tipo de gente. Menos brasileiro. Eles querem, na realidade, a formação de um novo País aqui”.
No grande vazio a que se refere o produtor rural (confira nos mapas acima) já existem pequenas áreas demarcadas e os índios continuam reivindicando mais terras. No conjunto, Roraima tem uma população indígena de 44 mil pessoas, em 32 reservas que ocupam 46% do território estadual. Oficialmente, existem 18.992 pessoas morando na região, 30 mil cabeças de gado e 194 aldeias.
O futuro presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, defenderá a revisão do processo de demarcação da reserva. Mendes advoga um modelo de ilhas de preservação. No sistema atual, Roraima perde quase 50% do seu território para a tal “reserva” ou “nação indígena”. O tamanho e o formato da reserva será definido no julgamento do STF que deve ocorrer em dois meses.
Denúncia repetida
O texto do seminário “Amazônia, Cobiçada e Ameaçada”, realizado no Rio, na semana passada, por militares da reserva ligados ao Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (Cebres), tinha uma denúncia semelhante ao do líder dos arrozeiros de Roraima:
"Em favor da globalização, inúmeras ONGs internacionais vêm aumentando a pressão sobre governos e organismos internacionais com a tese “Amazônia, patrimônio da humanidade”, segundo a qual a região deverá ser administrada por uma autoridade internacional".
O texto do Cebres não faz referência à questão indígena, mas destaca que o cenário desejável para a Amazônia pressupõe "desenvolvimento auto-sustentável, com equilíbrio das áreas geoestratégicas e equacionamento da questão ambiental, da propriedade privada, da agricultura familiar e até da pecuária em pequena escala".
"Em favor da globalização, inúmeras ONGs internacionais vêm aumentando a pressão sobre governos e organismos internacionais com a tese “Amazônia, patrimônio da humanidade”, segundo a qual a região deverá ser administrada por uma autoridade internacional".
O texto do Cebres não faz referência à questão indígena, mas destaca que o cenário desejável para a Amazônia pressupõe "desenvolvimento auto-sustentável, com equilíbrio das áreas geoestratégicas e equacionamento da questão ambiental, da propriedade privada, da agricultura familiar e até da pecuária em pequena escala".
(Afa)nações Indígenas
O Brasil tem atualmente cerca de 600 terras indígenas, que abrigam 227 povos, com um total de aproximadamente 480 mil pessoas.
Essas terras representam 13% do território nacional, ou 109,6 milhões de hectares.
A maior parte das áreas indígenas - 108 milhões de hectares - está na chamada Amazônia Legal, que abrange os Estados de Tocantins, Mato Grosso, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá, Acre e Amazonas.
Quase 27% do território amazônico hoje é ocupado por terras indígenas.
Essas terras representam 13% do território nacional, ou 109,6 milhões de hectares.
A maior parte das áreas indígenas - 108 milhões de hectares - está na chamada Amazônia Legal, que abrange os Estados de Tocantins, Mato Grosso, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá, Acre e Amazonas.
Quase 27% do território amazônico hoje é ocupado por terras indígenas.
Crime de lesa-pátria
O coordenador geral do Conselho Indigenista de Roraima, o índio macuxi Dionito José de Souza, lembra que o Brasil é signatário de declaração da ONU que garante a auto-governança aos povos indígenas.
"Essa história de que somos manipulados pelas ONGs é burrice. Quem diz isso está inconformado com o fato de não aceitarmos mais ser manipulados pelos brancos. Demos um basta".
O desgoverno brasileiro defende exatamente a mesma tese dos espertos índios.
"Essa história de que somos manipulados pelas ONGs é burrice. Quem diz isso está inconformado com o fato de não aceitarmos mais ser manipulados pelos brancos. Demos um basta".
O desgoverno brasileiro defende exatamente a mesma tese dos espertos índios.
General da polêmica
Um seminário no Clube Militar, no Centro do Rio, discutirá hoje os rumos da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.
Estarão presentes o comandante Militar da Amazônia, general Augusto Heleno, e o índio Jonas Marcolino, diretor da Sociedade de Defesa dos Indígenas Unidos do Norte de Roraima.
O principal assunto do evento será a demarcação contínua das terras reservadas aos índioslocais, como prevê decreto assinado pelo chefão Lula da Silva, em 2005.
Um seminário no Clube Militar, no Centro do Rio, discutirá hoje os rumos da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.
Estarão presentes o comandante Militar da Amazônia, general Augusto Heleno, e o índio Jonas Marcolino, diretor da Sociedade de Defesa dos Indígenas Unidos do Norte de Roraima.
O principal assunto do evento será a demarcação contínua das terras reservadas aos índioslocais, como prevê decreto assinado pelo chefão Lula da Silva, em 2005.
Agentes inconscientes
Acampadas na Esplanada dos Ministérios, tribos participantes do Abril Indígena manifestam preocupação com a reserva Raposa Serra do Sol.
Os índios instrumentalizados temem que a demarcação revista pelo STF.
Para dar o tom folclórico à manifestação política, os índios abem a Semana dos Povos Indígenas com a Cerimônia do Fogo sagrado.
Acampadas na Esplanada dos Ministérios, tribos participantes do Abril Indígena manifestam preocupação com a reserva Raposa Serra do Sol.
Os índios instrumentalizados temem que a demarcação revista pelo STF.
Para dar o tom folclórico à manifestação política, os índios abem a Semana dos Povos Indígenas com a Cerimônia do Fogo sagrado.
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