terça-feira, 10 de junho de 2008

Governo acoberta interesses internacionais, diz tucano

SERGIO TORRESda Folha de S.Paulo, no Rio
O governador de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB), disse ontem, em palestra no Clube da Aeronáutica, que o governo brasileiro acoberta interesses internacionais no caso da reserva indígena Raposa/Serra do Sol.
Conferencista de seminário intitulado "Amazônia e a Realidade Brasileira", Anchieta Júnior afirmou que a demarcação contínua de terras indígenas em Roraima, defendida pelo governo, interessa às grandes potências, que agiriam na Amazônia por meio de ONGs.
"Al Gore [ex-vice-presidente dos EUA] discute a soberania e a propriedade da Amazônia. Ele disse que a Amazônia não pertence aos brasileiros, pertence ao mundo. François Mitterrand [ex-presidente da França] pensava da mesma forma. John Major [ex-primeiro-ministro britânico], no Reino Unido, também. São representantes das grandes potências mundiais que têm pensamentos desse tipo com relação à nossa Amazônia. O índio não atrapalha a soberania. O que atrapalha é a demarcação em área contínua deixando só eles. Tem que somar a presença do índio e do não-índio", disse.
Anchieta Júnior afirmou ainda que a "política indigenista do governo é caótica, incoerente e irresponsável".
"A política equivocada de demarcação de áreas indígenas, esvaziando as fronteiras, é perigosa para a soberania nacional. O índio não precisa de mais área. Precisa de dignidade, cidadania e apoio. A política distorcida do governo federal, de dar terra aos índios e não dar condições de vida a eles, não se justifica", disse o governador.
Para ele, a decisão de destinar aos indígenas terras contínuas poderá resultar em mortes. "Estou tentando evitar uma tragédia no nosso Estado. O que as ONGs queriam era o cadáver de um indígena, para dizer que o brasileiro não cuida de seus índios."
Presente ao evento, o prefeito de Paracaima (município em Roraima) e líder arrozeiro, Paulo César Quartiero (DEM), disse que o governo faz terrorismo de Estado na região e chamou o ministro da Justiça, Tarso Genro, de terrorista.
"O terrorismo é feito por seu terrorista-mor, que se chama Tarso Genro. Esse é terrorista. Nós simplesmente estávamos pedindo a judicialização da questão. Nós somos escravos da lei", afirmou ele, para quem "o ministro mandou um exército [de policiais federais] que se porta em Roraima como nós fôssemos Iraque e eles fossem marines, oprimindo nossa população".

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