terça-feira, 10 de junho de 2008

As ONG e a Amazônia

A proliferação das Organizações não Governamentais (ONG), vem preocupando a imprensa européia e a norte-americana. São associações que proclamam fins humanitários ou caritativos tais como direitos humanos, defesa ambiental, combate às desigualdades sociais, socorro a doenças epidêmicas, preservação de comunidades indígenas, combate às atividades belicistas, etc.Trata-se, como se vê, de finalidades de elevada benemerência, facilmente aceitas pela sociedade. Acontece que por serem bem aceitas, pelos princípios elevados que proclamam, conseguiram enorme expansão numérica e contam-se hoje em mais de 32 mil, somente as internacionais (segundo informação do Year Book da Union for International Organization), espalhadas por todo o mundo, grandes e pequenas, nacionais e transnacionais, prosperando particularmente nos países mais ricos. Por promoverem campanhas ditas humanitárias têm encontrado facilidade em angariar doações e financiadores, o que tem levado muitas delas a se transformarem em porta-vozes de interesses escusos, nada humanitários. As propostas das grandes ONGs transnacionais, nos países desenvolvidos do mundo democrático, muitas vezes têm conseguido o apoio dos governantes que precisam de seus votos para se reelegerem ou elegerem seus candidatos partidários. O articulista Guy Sorman, do Le Monde, da França (25-4-01), mostrando-se preocupado com os desvios das ONG, comentava: - "atrás das siglas (humanitárias), prosperam pequenas e grandes associações, ricas e pobres, generosas e cínicas". Mais adiante, acrescentava o mesmo jornalista: "ninguém fiscaliza suas fontes de financiamento, ninguém verifica a autenticidade da boa causa a que se propõem, ninguém controla suas despesas. Na sua quase totalidade não estão subordinadas senão a assembléias fantasmas (composta de personalidades honradas), mas administradas efetivamente por minorias vinculadas a outros interesses". Ainda, seguindo o que diz o jornalista do Le Monde, "as ONGs, as mais poderosas, são transnacionais, projetam a imagem das empresas transnacionais que as financiam, tornando utópica a idéia de que são organizações auto-gerenciadas, sujeitas que estão a uma irresponsabilidade ilimitada ligada a causas boas ou más". Realmente, parece difícil se admitir que uma ONG cujos administradores recebem régios salários oriundos de fundos provenientes de empresas financiadoras, possa contrariar os interesses comerciais daqueles que a sustentam. Ademais, em termos de finalidade essencial, torna-se difícil conciliar interesses tão divergentes: - o da ONG de buscar desinteressadamente o bem comum, o da empresa financiadora perseguir lucros. Este alerta da imprensa dos países "grandes" sobre os perigos dos desvios éticos a que estão sujeitas as ONGs, chega a nós, brasileiros, em boa hora. Há vários anos somos incomodados pelas tentativas de interferência em nossa soberania na Amazônia, por parte de uma grande ONG sediada em Genebra, na Suíça, que se denomina Conselho Mundial das Igrejas Cristãs. Pretende esta ONG ditar reivindicações e regras de procedimento para as comunidades indígenas brasileiras. Para isto se utiliza de missões religiosas instaladas na Amazônia. Chegou a aventar a idéia da criação de uma "nação ianomami" independente, no meio da selva. A esta ONG acompanham outras de origem européia e norte-americana levantando teses pseudo científicas sobre a preservação da floresta amazônica, que propõem internacionalizar, para "o bem da humanidade". Vale lembrar, agora, o artigo do jornal New York Post (9-6-00) de autoria de Barry Wigmore, trazendo a opinião de dois cientistas respeitados pela comunidade internacional, Patrick Moore e Philip Stott, denunciando tanto a mistificação da tese "Amazônia pulmão do mundo", quanto à "picaretagem" de certas ONGs criadas pelo roqueiro Sting e outros artistas. Dizem os citados cientistas que estas ONGs proliferam nos Estados Unidos e na Europa, explorando o tema "vamos salvar a Amazônia", baseadas em fundamentos científicos falsos, com o que aterrorizam pessoas ingênuas, apresentando perigos ambientais Apocalípticos, devastadores, a fim de obter donativos e doações. É muito bom para nós, brasileiros, vítimas das campanhas de ONG internacionais, que venham de fora, da imprensa européia e norte-americana, a revelação dos interesses espúrios, nada humanitários, nada científicos, acobertados por algumas destas instituições que operam em nossa Amazônia.A nossa Amazônia, riquíssima em minerais inexplorados, riquíssima em mananciais e água doce (de previsível escassez no futuro), vem sendo o alvo preferido das ONGs transnacionais, em particular daquelas que se dizem dedicadas à preservação ambiental, à defesa das comunidades indígenas, à proteção de espécies animais e vegetais. Será ingenuidade nossa acreditar nas intenções éticas e científicas que elas proclamam. São portadoras dos interesses e da ambição dos seus grandes financiadores, suas teses de "interesse da humanidade", são de interesse sim, mas não da humanidade.
Carlos de Meira Mattos General Reformado do Exército, veterano da 2ª Guerra Mundial, doutor em Ciência Política e conselheiro da ESG.

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