quinta-feira, 5 de junho de 2008

Jobim defende presença militar em área indígena


Para ministro da Defesa, terras, mesmo dentro de reservas, são de propriedade da União
Leila Suwwan.
BRASÍLIA. Diante das polêmicas que envolvem a atividade de ONGs estrangeiras na Amazônia, da resistência de militares à demarcação contínua de terras indígenas e dos embates entre o agronegócio e a preservação da floresta, o ministro Nelson Jobim (Defesa) aproveitou uma audiência pública na Câmara ontem para defender a soberania brasileira contra as ingerências externas. Para ele, estrangeiros têm direito de ir e vir, mas as ONGs não têm salvo-conduto e precisam esclarecer "quem paga e a que vieram".
Jobim defendeu a presença militar em terras indígenas. Ele classificou de ridículo o dilema radical entre ambientalistas e desenvolvimentistas. Sem citar o nome do comandante da Amazônia, general Heleno, que irritou o governo com críticas à política indigenista nacional, Jobim rebateu a tese de que a política indigenista ou a demarcação das reservas seja um problema de soberania. Para ele, militares têm plena legitimidade para penetrar nessas terras, que são de propriedade da União. Segundo a Constituição, as reservas são de usufruto vitalício dos índios, mas não propriedades autônomas. A Carta brasileira se sobrepõe às declarações de direitos de povos indígenas da ONU.
- Antes a ONG tinha uma espécie de salvo-conduto para entrar no país. Mas grande parte deseja ser governo sem ter legitimidade política para tal. Estamos fazendo um levantamento completo sobre a pertinência de suas ações no Brasil. Queremos separar o joio do trigo. Precisamos saber quem veio, a que veio e quem paga - disse Jobim, após ser questionado sobre a presença de grupos estrangeiros em regiões da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima.
Sobre o conflito, no qual arrozeiros tentam derrubar no Supremo a demarcação contínua das terras dos índios, Jobim deixou claro que caberá ao tribunal esclarecer o regime jurídico dessas terras.
- Não há nação indígena, há tribos indígenas que são povos brasileiros. Isso está na Constituição. As terras indígenas na zona de fronteira não são incompatíveis com a penetração militar. O Brasil precisa acabar com a idéia de que a demarcação indígena é uma questão de soberania. Nós não temos o modelo americano de reservas. A questão indígena não se resolve com demarcação, mas com desenvolvimento.

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