Reportagem: Kaiser Konrad Fotos: Guido BergerEnviados especiais ao Paraguai
Se o discurso do candidato vitorioso à presidência do Paraguai for colocado em prática, região corre sério risco de ter conflito armado de grandes proporções
É com preocupação que um dos mais antigos agricultores brasileiros no Paraguai vê o futuro da sua família. O paranaense Antônio Dohmer chegou ao país em 1964. Enfrentou as dificuldades da falta de estradas, saneamento básico e saúde. Do trabalho árduo nas primeiras plantações de hortelã à conquista da terra desbravada e comprada hectare por hectare, se passaram mais de quatro décadas. Com o tempo se foi também a energia do trabalhador da lavoura, e chegara a responsabilidade de administrar o que foi plantado no passado para garantir o futuro da família.
Mas a realidade é bem diferente da prognosticada quarenta anos antes. Dahmer vive em Santa Fé del Paraná. Uma cidadezinha agrícola situada a 50 km da fronteira com o Brasil. Parte de suas terras acabou inundada para a criação do Lago de Itaipu e ele até hoje não foi indenizado. A outra parte situa-se na Faixa de Fronteira, área exclusiva de cidadãos paraguaios. Para se adequar à lei que restringe a ocupação dessas terras, transferiu a propriedade para o nome de seus quatro filhos nascidos no Paraguai.
Mas a realidade é bem diferente da prognosticada quarenta anos antes. Dahmer vive em Santa Fé del Paraná. Uma cidadezinha agrícola situada a 50 km da fronteira com o Brasil. Parte de suas terras acabou inundada para a criação do Lago de Itaipu e ele até hoje não foi indenizado. A outra parte situa-se na Faixa de Fronteira, área exclusiva de cidadãos paraguaios. Para se adequar à lei que restringe a ocupação dessas terras, transferiu a propriedade para o nome de seus quatro filhos nascidos no Paraguai.
Embora aparentemente inspire tranqüilidade, a região do Alto Paraná é uma bomba prestes a explodir. E não é por estar na Tríplice Fronteira, que segundo o governo dos Estados Unidos é reduto de terroristas. É porque na região estão duas das mais importantes promessas na campanha de Fernando Lugo: a renegociação do Tratado de Itaipu e a reforma agrária.
“O Movimiento Campesino Paraguayo ameaça invadir nossas terras. O governo do país ameaça tirá-las de nós e o nosso presidente [Lula] até agora não demonstrou estar preocupado conosco”, afirmou Antônio Dahmer. “Aqui estamos todos dentro da lei. O brasiguaios são respeitadores das leis. Os paraguaios não sabem o que elas significam. Esse é o nosso medo. Sou um homem velho. Ajudei a construir esse país. Quase todas as minhas forças se foram para formar o patrimônio que tenho e que passei para os meus filhos, todos paraguaios e legítimos donos dessas terras. Aonde irei se perder tudo o que tenho? O que vou fazer? Se os paraguaios não respeitarem as leis essa terra vai ser realmente um território sem-lei. Eu vou resistir e defender o patrimônio da minha família”, finaliza.
Para o prefeito de Santa Fé del Paraná, o brasileiro Joaquim Maciel, a situação enfrentada pelos agricultores é mais delicada do que se imagina. Segundo ele “os campesinos são claramente contra os colonos brasileiros. O novo presidente [Fernando Lugo] ao assumir o cargo deverá ter uma postura de Chefe de Estado. Ele tem que ter muito cuidado com as atitudes que for tomar contra a comunidade brasileira e suas famílias paraguaias. Todos estão amparados pela lei. Tudo o que se tem aqui foi adquirido com muito suor e vamos à guerra ser for necessário para defender o que nosso. Se isso acontecer, esperamos uma postura de maior rigor do presidente do Brasil, porque lá também existem paraguaios, e muitos. Sou brasileiro, não podemos ser perseguidos aqui e eles serem amparados dentro de nosso país”.
A indignação é a mesma de milhares de brasileiros que vivem nessa situação. Se houver um recrudescimento das ações do MCP (movimento dos trabalhadores sem-terra do Paraguai) com invasões de terra e destruição de propriedades privadas, um sério conflito armado poderá acontecer e desestabilizar a região. A conseqüência disso seria desastrosa e poderia se espalhar pelo Brasil e Argentina, com ações coordenadas pelo MST e a Via Campesina, colocando em risco a Usina de Itaipu, torres de transmissão e o abastecimento de energia de toda região Sul do Brasil. Por outro lado, fontes de Defesanet afirmaram que se acontecer o confisco de terras brasileiras no departamento de Alto Paraná, por pressão de cidadãos brasileiros a ponte da Amizade [que liga Foz do Iguaçu a Ciudad del Este] deverá ser fechada e poderá ser atacada com explosivos visando sua destruição.
“O Movimiento Campesino Paraguayo ameaça invadir nossas terras. O governo do país ameaça tirá-las de nós e o nosso presidente [Lula] até agora não demonstrou estar preocupado conosco”, afirmou Antônio Dahmer. “Aqui estamos todos dentro da lei. O brasiguaios são respeitadores das leis. Os paraguaios não sabem o que elas significam. Esse é o nosso medo. Sou um homem velho. Ajudei a construir esse país. Quase todas as minhas forças se foram para formar o patrimônio que tenho e que passei para os meus filhos, todos paraguaios e legítimos donos dessas terras. Aonde irei se perder tudo o que tenho? O que vou fazer? Se os paraguaios não respeitarem as leis essa terra vai ser realmente um território sem-lei. Eu vou resistir e defender o patrimônio da minha família”, finaliza.
Para o prefeito de Santa Fé del Paraná, o brasileiro Joaquim Maciel, a situação enfrentada pelos agricultores é mais delicada do que se imagina. Segundo ele “os campesinos são claramente contra os colonos brasileiros. O novo presidente [Fernando Lugo] ao assumir o cargo deverá ter uma postura de Chefe de Estado. Ele tem que ter muito cuidado com as atitudes que for tomar contra a comunidade brasileira e suas famílias paraguaias. Todos estão amparados pela lei. Tudo o que se tem aqui foi adquirido com muito suor e vamos à guerra ser for necessário para defender o que nosso. Se isso acontecer, esperamos uma postura de maior rigor do presidente do Brasil, porque lá também existem paraguaios, e muitos. Sou brasileiro, não podemos ser perseguidos aqui e eles serem amparados dentro de nosso país”.
A indignação é a mesma de milhares de brasileiros que vivem nessa situação. Se houver um recrudescimento das ações do MCP (movimento dos trabalhadores sem-terra do Paraguai) com invasões de terra e destruição de propriedades privadas, um sério conflito armado poderá acontecer e desestabilizar a região. A conseqüência disso seria desastrosa e poderia se espalhar pelo Brasil e Argentina, com ações coordenadas pelo MST e a Via Campesina, colocando em risco a Usina de Itaipu, torres de transmissão e o abastecimento de energia de toda região Sul do Brasil. Por outro lado, fontes de Defesanet afirmaram que se acontecer o confisco de terras brasileiras no departamento de Alto Paraná, por pressão de cidadãos brasileiros a ponte da Amizade [que liga Foz do Iguaçu a Ciudad del Este] deverá ser fechada e poderá ser atacada com explosivos visando sua destruição.
Este problema, que até agora está no âmbito social e político poderá se tornar uma séria ameaça à segurança internacional. Apesar disso, o Planalto não tem demonstrado compromisso com a comunidade brasileira residente no país vizinho e evitado se manifestar a respeito. A partir de informes da Agência Brasileira de Inteligência, o assunto tem inquietado diferentes setores do governo e está sendo tratado com muita atenção e reserva pelo Itamaraty e os Comandos Militares. “Outros brasileiros enfrentam a mesma situação na Bolívia e foram esquecidos devido às afinidades político-ideológicas dos governos Morales e Lula”, disse um importante embaixador do Ministério das Relações Exteriores. “Se no Paraguai, a questão for tratada da mesma forma que foi na Bolívia, com certeza vamos ter um conflito armado envolvendo diretamente cidadãos brasileiros dentro de uma nação estrangeira e limítrofe, o que poderá provocar um conflito de maior escala e desestabilizar toda a região do Conesul”.Colaborou Elisa Simon
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