O principal assunto discutido nas reuniões dos sindicatos rurais da região centro-sul do Estado tem sido o impacto das demarcações de terras contínuas na faixa de fronteira entre Brasil e Paraguai. “O nosso território pode se transformar numa ‘nação guarani’, assim como aconteceu com a ‘nação yanomami’ no norte e, aos poucos, passar para o domínio estrangeiro”, diz o presidente em exercício do Sindicato Rural de Dourados, Issao Iguma. Ontem à noite, produtores rurais da região de Dourados, dirigentes e técnicos da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS) e advogados realizaram reunião no auditório do Sindicato Rural de Dourados. Anteontem houve reunião em Naviraí e ontem de manhã em Laguna Carapã. As demarcações foram apontadas com uma ameaça à soberania nacional. “É preciso que os produtores rurais acordem e percebam que este termo de ajustamento de conduta vai fazer com que o nosso território se transforme em uma nação guarani”, diz Dácio Queiroz Silva, secretário-geral da Famasul, que participou da reunião de ontem. Ele acredita que há interesses de vários países em ocupar o Brasil, manipulando pessoas simples como os índios, através de ONGs (Organizações Não Governamentais). “Financiam projetos que servem de massa de manobra para depois gerir seus interesses dentro da América Latina”, diz. Já Iguma ressalta que a fronteira do país com o Paraguai vai virar uma grande aldeia. “É preciso perguntar: Por que estas demarcações estão ocorrendo só na fronteira? Não é estranho isso?”, indaga. “Veja o que aconteceu em Panambi; terras produtivas viraram mato. Para mim há interesses de ONGs internacionais nesta região”, afirma. Liderados pelo governador André Puccinelli, produtores dos municípios afetados pelo TAC - firmado entre a Funai (Fundação Nacional do Índio) e Ministério Público Federal -, tentam brecar os estudos antropológicos em 36 áreas de 26 municípios do Estado. O próprio governador já encaminhou documento ao presidente Lula, assinado também por deputados estaduais e prefeitos, mas até agora, não houve nenhum efeito sobre as portarias. O administrador da Funai em Campo Grande, Claudionor do Carmo Miranda, disse na segunda-feira que as demarcações são irreversíveis. “A vistoria pode até demorar mais, mas vai acontecer, sem dúvida”, garantiu ao Campograndenews. Sobre uma possível “guerra” judicial, a Funai diz estar bem preparada, com apoio de procuradores federais. A investigação das áreas indígenas serão coordenadas pela gerencia regional da Funai em Dourados. No dia 10 está prevista a chegada da equipe de Brasília que se juntará a profissionais da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados). A vistoria técnica atingirá os municípios de Amambaí, Antonio João, Aral Moreira, Bela Vista, Bonito, Caarapó, Caracol, Coronel Sapucaia, Douradina, Dourados, Fátima do Sul, Iguatemi, Japorã, Jardim, Juti, Laguna Carapã, Maracaju, Mundo Novo, Naviraí, Paranhos, Ponta Porã, Porto Murtinho, Rio Brilhante, Sete Quedas, Tacuru e Vicentina.
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