D. Erwin Kraütler critica Lula, dizendo que ele defendia índios, mas hoje atua a favor de grupos multinacionais
bispo d. Erwin Kräutler, que dirige a Prelazia do Xingu e preside o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), acaba de divulgar um artigo no qual condena de forma veemente os projetos governamentais de construção de hidrelétricas na região do Rio Xingu, afirmando que constituem ameaças ao meio ambiente, aos indígenas e aos ribeirinhos da região. A energia desses projetos, segundo o bispo, não é para o povo, mas sim para "beneficiar as multinacionais que vivem à custa do Brasil, com todas mordomias fiscais e facilidades energéticas".Para d. Erwin, os consórcios empresariais empenhados na construção das hidrelétricas não têm vínculos com a região nem com a sua população: "É uma associação de gente imediatista, interesseira e egoísta, que aposta apenas em lucros fabulosos e declara guerra a quem tiver a petulância de se opor à sua ambição e ganância, que não respeita nada e ninguém."O prelado cita especialmente o empreendimento Belo Monte - uma das prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Lembra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antes de ser eleito, em 2002, manifestou-se contra o projeto dessa hidrelétrica, que hoje defende. "O que estaria por detrás dessa repentina metamorfose camaleônica?", pergunta o religioso.Mais adiante, ele critica os políticos da região, especialmente os ligados ao PT, que no passado também condenaram o projeto de Belo Monte: "E os nossos políticos, em vez de questionar esse sistema iníquo, de criticar estruturas prejudiciais aos povos da Amazônia, de exigir direitos e royalties, aplaudem de pé e não hesitam em apelar até para a terminologia tecnológica quando falam em ?salvação?, ?redenção? da região, do Pará e da Amazônia... No contexto da Amazônia jamais haverá redenção, se a criação for arrasada. Aí só vai sobrar a desgraça, o caos, o apocalipse."Nascido em Koblach, na Áustria, d. Erwin chegou à região do Xingu, como padre missionário da Congregação do Preciosíssimo Sangue, em 1965. Passados 15 anos, o papa João Paulo II nomeou-o para dirigir a prelazia - nome dado a uma determinada área eclesiástica.Tornou-se um defensor da causa indígena, o que já lhe custou várias ameaças de morte. Hoje é obrigado a andar sempre acompanhado por policiais, designados pelo governo do Pará para cuidar de sua segurança.No artigo que divulgou pela internet, d. Erwin também critica a imprensa, que teria dado tratamento sensacionalista ao episódio ocorrido em maio no Ginásio Esportivo de Altamira, quando um índio caiapó feriu o representante da Eletrobrás, Paulo Rezende. Segundo o bispo, o facão resvalou por acidente no braço do engenheiro, que despejou uma garrafa de água mineral no ferimento."Repudio a afirmação de que a agressão foi premeditada", diz. "São as forças antiindígenas que mais uma vez vêm à tona e se deleitam no macabro prazer de sustentar essa tese absurda."Na opinião de d. Erwin, existe atualmente no País uma onda antiindígena de "proporções alarmantes".
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