Estão ocorrendo negociações entre a Azul e a Gol, com a expressa concordância do governo. Há três rotas de vôo possíveis para a operação: a venda isolada da marca Varig, a transferência não apenas da marca como também do espólio da antiga companhia, e, por fim, a negociação integral da Varig e da própria Gol. A operação não esbarra nas restrições à venda de companhias aéreas para investidores estrangeiros.
David Neeleman é um gringo em terra natal. Fez a vida nos Estados Unidos, mas tem nacionalidade brasileira. Além disso, a aproximação entre as duas empresas e a Embraer encanta o governo. A associação entre a Azul e a Gol/ Varig abriria espaço para novas encomendas à indústria de São José dos Campos.
A hipótese de venda da Gol contaria também com o apoio do BNDES. Não deixa de ser curiosa a disposição do banco em sancionar um negócio cujo maior trunfo de um de seus protagonistas, no caso David Neeleman, é ter acesso a funding internacional. É difícil imaginar que na imensa fila de empresas batendo na porta do BNDES em busca de financiamento não haja gente precisando mais.
Para David Neeleman, a compra da Gol resolveria um dos maiores problemas para o início das operações da Azul: a carência de slots, notadamente em Congonhas, o grande hub da aviação doméstica. Seria também uma tentativa de resgate do modelo de low cost no Brasil, de certa forma por meio de uma associação da Gol com sua musa inspiradora. Não custa lembrar que a Azul foi tirada da costela da Blue Jet, empresa norte-americana também fundada por Neeleman e que serviu de espelho para o surgimento de companhias de aviação de baixo custo mundo afora.
Para os Constantino, por sua vez, a venda da Gol seria uma forma de solucionar os problemas financeiros do próprio grupo, que vão bem além da companhia aérea. No primeiro semestre deste ano, a Gol sofreu um prejuízo de R$ 290 milhões. E a conta final de 2008 promete ser ainda mais desastrosa. Circulam no mercado informações de que a empresa amargou uma senhora perda com operações cambiais no mercado futuro.
Em tempo: o mercado financeiro já pressente que há algo de estranho acontecendo com a Gol. Ontem, a ação preferencial subiu 24%. A razão da súbita valorização? Os Constantino estariam recomprando as ações da companhia para colocar em tesouraria, o que faz enorme nexo em caso de uma posterior venda do controle.
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