Boeing, Dassault e Gripen NG continuam na disputa para vender 120 caças à FAB. Grande surpresa da seleção é a exclusão do modelo Sukhoi Su-35BM, fabricado pelos russos
Pedro Paulo Rezende
Da equipe do Correio
O Comando da Aeronáutica escolheu os finalistas do Programa F-X2, que pretende adquirir 120 caças para unificar a frota de combate da Força Aérea Brasileira (FAB). Foram selecionados os caças F-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing; Rafale F3, da francesa Dassault; e Gripen NG, da sueca Saab. Ficaram de fora o Eurofighter Typhoon, de um consórcio formado por Alemanha, Espanha, Itália e Reino Unido; o Lockheed-Martin F-16Br, dos Estados Unidos, e o russo Sukhoi Su-35BM — a grande surpresa do processo.
O ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, defendia uma cooperação maior com Moscou e já obtivera a promessa de importantes parcerias estratégicas, inclusive a fabricação conjunta de um avião invisível ao radar. Por sua vez, o Itamaraty se preparava para receber o presidente Dmitri Medvedev no fim do mês. Três acordos na área militar e de segurança estão previstos para serem firmados, mas, no momento decisivo, a transferência de tecnologia do Su-35BM não se confirmou. “Isso não impede a progressão em outras áreas, como a de cibernética militar e de produção de lançadores espaciais”, afirmou Unger, por meio de um assessor, ao Correio.
Segundo uma fonte da chancelaria russa, a transferência de tecnologia dependeria de um dos acordos a serem firmados no fim do mês, que trata especificamente da proteção da propriedade intelectual. Por isso não foi explicitada no pedido de informações (RFI, sigla em inglês).
Os seis fabricantes receberam em junho o RFI sobre custo, performance, armamentos, manutenção e pacotes tecnológicos e de compensação comercial. Os questionários foram entregues à Aeronáutica no início de agosto. Nessa fase, a Lockheed-Martin, que oferecera o caça invisível ao radar F-35 Lightning, o avião preferido do comandante Juniti Saito, foi obrigada pelo Departamento de Estado a oferecer um produto menos sofisticado, o F-16Br.
Ontem mesmo, a FAB deu início à segunda etapa do processo. Os três finalistas receberam um pedido de proposta (RFP, sigla em inglês) e terão até o fim de dezembro para detalhar cada um dos itens exigidos pela Aeronáutica. A decisão sobre o vencedor da concorrência deve sair no ano que vem.
Segundo uma das companhias eliminadas, a decisão deve beneficiar a Dassault. A transferência completa das linhas de código dos softwares dos concorrentes é um ponto básico nas exigências brasileiras. Para cumpri-la, a Boeing necessitaria de aprovação expressa do Congresso dos Estados Unidos. O Gripen NG, por sua vez, ainda não tem o futuro assegurado. A Saab ainda não fechou nenhuma venda para a Suécia. O país aceita participar do projeto se a Noruega — que já está comprometida com o F-35 norte-americano — quiser adquirir o avião. A fabricação seriada ocorreria a partir de 2014.
Na primeira etapa, o Programa F-X2 prevê a aquisição de 36 aparelhos a um custo máximo de US$ 2,5 bilhões. As primeiras entregas seriam feitas em 2014.
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