Agora o desafio é colonizar a Lua e os americanos já enxergam os chineses como grandes competidores
Luciana Sgarbi
A força do dragão com o Shenzhou, a China colocou o primeiro astronauta do seu país a caminhar no espaço. Acima, Zhai Zhigang, 42 anos, está fora da cápsula da nave espacial agitando uma pequena bandeira chinesa. O próximo passo será enviar um chinês para ocupar o solo lunar
Durante mais de três décadas, os Estados Unidos e a antiga União Soviética foram protagonistas exclusivos de uma corrida rumo à conquista do espaço. A partir de dezembro de 1991, com a extinção da União Soviética, os americanos correram praticamente sozinhos na exploração do universo e espalharam sondas por todos os cantos do sistema solar. Agora, nesse início de século XXI, está em curso uma nova corrida espacial. Trata-se da colonização da Lua. Nessa disputa os americanos não estão sós. Há novos atores em cena e, segundo autoridades da Nasa, a agência espacial americana, os chineses são forte ameaça à hegemonia dos EUA. "É possível que os chineses queiram colocar gente na Lua e podem fazer isso antes de nós. Capacidade técnica eles têm", afirma Michael Griffin, administrador da Nasa.
Em 2003, a China se tornou o terceiro país a colocar um homem em órbita - os outros são os Estados Unidos e a Rússia. O astronauta Yang Liwei ficou 21 horas ao redor da Terra a bordo da nave Shenzhou 5. No mês passado, um chinês caminhou no espaço e agora o país pretende acoplar espaçonaves para formar um laboratório, passo que antecede a construção de uma estação espacial. A próxima missão da Shenzhou prevê fincar a bandeira chinesa na Lua. "Isso será inevitável", afirmou o diretor da agência espacial chinesa, CNSA, Sun Laiyan. Na semana passada, foi a vez dos indianos entrarem nessa nova corrida espacial. Na quarta-feira 22, com investimentos de US$ 80 milhões, a Índia lançou com sucesso sua primeira missão não-tripulada à Lua. A espaçonave Chandrayaan 1 levou 16 horas para entrar na órbita da Lua e tem o objetivo de redesenhar mapas da superfície lunar. Depois de completada a missão, o desafio dos indianos será colocar um astronauta no espaço, o que está previsto para ocorrer em meados de 2012.
É claro que os americanos estão muito à frente. Eles pisaram na Lua pela primeira vez em 1969, até 1972 permitiram que 12 astronautas caminhassem em solo lunar e já possuem uma estação espacial. O problema é que com o objetivo de colonizar a Lua os novos atores dessa corrida chegam no exato momento em que a Nasa trabalha com outras prioridades e só planeja um retorno à Lua em 2020. Para tanto, em 2010 os vôos das três naves Discovery serão interrompidos, a fim de que os recursos de aproximadamente US$ 15 bilhões sejam todos dirigidos para Orion, novo ônibus espacial do programa Constellation, que, conforme anunciado pelo presidente George W. Bush, pretende levar missões tripuladas para Marte e outros planetas. Com as Discovery paradas, a solução encontrada pelo governo americano para transportar seus astronautas à Estação Espacial Internacional é utilizar os foguetes Soyuz, da Rússia. A decisão provocou protestos. "Acho perigoso ficar nesta situação", declarou Griffin, da Nasa. "Se alguma coisa acontecer com os Soyuz, não teremos mais acesso à Estação Espacial", lamentou. Membros do Congresso e o candidato republicano à presidência, John McCain, pediram à Casa Branca para reexaminar a manutenção dos vôos das naves. Inconformado com a carona que terá de aceitar, Griffin declarou: "Uma aterrissagem dos chineses na Lua antes de nós voltarmos lá seria vista como um recuo dos EUA", afirmou.
Comprometidos em dar carona aos astronautas americanos, os russos também disputam a nova corrida espacial e estão investindo cerca de US$ 8 bilhões para o desenvolvimento de novas naves entre 2009 e 2011. "A Rússia já tem mais de 100 satélites e queremos mais", disse o primeiroministro Vladimir Putin. Com tantos olhos mirando a Lua, possivelmente teremos um congestionamento de espaçonaves no solo lunar até 2020.
Luciana Sgarbi
A força do dragão com o Shenzhou, a China colocou o primeiro astronauta do seu país a caminhar no espaço. Acima, Zhai Zhigang, 42 anos, está fora da cápsula da nave espacial agitando uma pequena bandeira chinesa. O próximo passo será enviar um chinês para ocupar o solo lunar
Durante mais de três décadas, os Estados Unidos e a antiga União Soviética foram protagonistas exclusivos de uma corrida rumo à conquista do espaço. A partir de dezembro de 1991, com a extinção da União Soviética, os americanos correram praticamente sozinhos na exploração do universo e espalharam sondas por todos os cantos do sistema solar. Agora, nesse início de século XXI, está em curso uma nova corrida espacial. Trata-se da colonização da Lua. Nessa disputa os americanos não estão sós. Há novos atores em cena e, segundo autoridades da Nasa, a agência espacial americana, os chineses são forte ameaça à hegemonia dos EUA. "É possível que os chineses queiram colocar gente na Lua e podem fazer isso antes de nós. Capacidade técnica eles têm", afirma Michael Griffin, administrador da Nasa.
Em 2003, a China se tornou o terceiro país a colocar um homem em órbita - os outros são os Estados Unidos e a Rússia. O astronauta Yang Liwei ficou 21 horas ao redor da Terra a bordo da nave Shenzhou 5. No mês passado, um chinês caminhou no espaço e agora o país pretende acoplar espaçonaves para formar um laboratório, passo que antecede a construção de uma estação espacial. A próxima missão da Shenzhou prevê fincar a bandeira chinesa na Lua. "Isso será inevitável", afirmou o diretor da agência espacial chinesa, CNSA, Sun Laiyan. Na semana passada, foi a vez dos indianos entrarem nessa nova corrida espacial. Na quarta-feira 22, com investimentos de US$ 80 milhões, a Índia lançou com sucesso sua primeira missão não-tripulada à Lua. A espaçonave Chandrayaan 1 levou 16 horas para entrar na órbita da Lua e tem o objetivo de redesenhar mapas da superfície lunar. Depois de completada a missão, o desafio dos indianos será colocar um astronauta no espaço, o que está previsto para ocorrer em meados de 2012.
É claro que os americanos estão muito à frente. Eles pisaram na Lua pela primeira vez em 1969, até 1972 permitiram que 12 astronautas caminhassem em solo lunar e já possuem uma estação espacial. O problema é que com o objetivo de colonizar a Lua os novos atores dessa corrida chegam no exato momento em que a Nasa trabalha com outras prioridades e só planeja um retorno à Lua em 2020. Para tanto, em 2010 os vôos das três naves Discovery serão interrompidos, a fim de que os recursos de aproximadamente US$ 15 bilhões sejam todos dirigidos para Orion, novo ônibus espacial do programa Constellation, que, conforme anunciado pelo presidente George W. Bush, pretende levar missões tripuladas para Marte e outros planetas. Com as Discovery paradas, a solução encontrada pelo governo americano para transportar seus astronautas à Estação Espacial Internacional é utilizar os foguetes Soyuz, da Rússia. A decisão provocou protestos. "Acho perigoso ficar nesta situação", declarou Griffin, da Nasa. "Se alguma coisa acontecer com os Soyuz, não teremos mais acesso à Estação Espacial", lamentou. Membros do Congresso e o candidato republicano à presidência, John McCain, pediram à Casa Branca para reexaminar a manutenção dos vôos das naves. Inconformado com a carona que terá de aceitar, Griffin declarou: "Uma aterrissagem dos chineses na Lua antes de nós voltarmos lá seria vista como um recuo dos EUA", afirmou.
Comprometidos em dar carona aos astronautas americanos, os russos também disputam a nova corrida espacial e estão investindo cerca de US$ 8 bilhões para o desenvolvimento de novas naves entre 2009 e 2011. "A Rússia já tem mais de 100 satélites e queremos mais", disse o primeiroministro Vladimir Putin. Com tantos olhos mirando a Lua, possivelmente teremos um congestionamento de espaçonaves no solo lunar até 2020.
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