Patrulha naval estaria ameaçada por falta de combustível; Defesa garante apoio às eleições
Leila Suwwan
BRASÍLIA. Com cerca de R$1,6 bilhão de seu orçamento retido até o momento, as Forças Armadas pressionam o governo pela liberação de recursos com advertências de que atividades prioritárias poderão ser paralisadas. Depois de o Exército alertar para o "comprometimento" das ações de segurança das eleições, agora a Marinha avisa que pode suspender as patrulhas navais por falta de combustível, o que afetaria até a segurança das plataformas de petróleo.
O Ministério da Defesa amenizou ontem o tom das pressões do Exército e informou que, apesar da possibilidade de cortes orçamentários para os militares, "o apoio das Forças para o processo eleitoral está assegurado". O Tribunal Superior Eleitoral informou que R$41,6 milhões já foram liberados para a atuação militar em 281 cidades.
Ontem a coluna Panorama Político do GLOBO revelou que o comandante do Exército, general Enzo Peri, cobra o repasse imediato de R$445 milhões (de R$518,8 milhões retidos) sob pena de prejudicar o esforço de segurança nas eleições, a liberação antecipada de recrutas e o corte no expediente nos quartéis.
A Marinha informou ontem que 23% (R$455 milhões) de seu orçamento estão contingenciados. Sem a liberação dos recursos, a Força calcula que sequer conseguirá pagar as contas de água, energia e telefone. Além disso, estarão em risco o programa nuclear, a fiscalização e segurança nas praias, rios e lagoas no verão, e a sinalização naval e segurança marítima.
Procurada, a FAB não se manifestou sobre as dificuldades geradas pelo contingenciamento atual, estimado em R$660 milhões pela Defesa.
"Não vou comentar nota de comandante nenhum"
Segundo informe circular enviado internamente pelo comandante Peri, já foi solicitado ao ministro Nelson Jobim (Defesa) uma intervenção junto ao presidente Lula para um descontingenciamento total. A Defesa confirma apenas ter informado o Ministério do Planejamento sobre a importância da liberação para os gastos de custeio das Forças. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, negou, no entanto, a informação:
- Na hora em que o ministro Jobim nos ligar ou soltar alguma nota, eu vou falar com ele, não vou comentar nota de comandante nenhum.
Indagado se acredita que a segurança das eleições pode estar ameaçada, Bernardo desconversou. Afirmou apenas que existe hoje uma previsão para aumento dos limites de gastos do Ministério da Defesa, mas o tema ainda não teria sido discutido com Jobim. A informação contradiz a afirmação do comandante Peri, que disse ter consultado a Secretaria de Orçamento Federal e recebeu indicativo de que "o volume de recursos a ser descontingenciado (liberado) não deve ser expressivo".
COLABOROU Henrique Gomes Batista
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