quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Jovem brasileiro se preocupa com guerra

Daniele Madureira,
de São Paulo


Enquanto a crise financeira tira o sono dos adultos, a preocupação de grande parte dos adolescentes é com a possibilidade de uma Terceira Grande Guerra. Pesquisa feita pela comunidade virtual Habbo Hotel - que reúne 10,5 milhões de usuários por mês em todo o mundo, a maioria entre 13 e 17 anos - e a War Child, ONG internacional de proteção a crianças afetadas pela guerra, revela que 41% dos adolescentes acredita que vai presenciar a Terceira Guerra Mundial.

Os mais convictos dessa possibilidade são os jovens americanos (58%) e os que menos acreditam que isso vai acontecer são os japoneses (25%). O levantamento ouviu 32 mil adolescentes de pouco mais de 20 países, sobre guerras, violência e responsabilidade política sobre os conflitos. As respostas de Brasil e Portugal foram unificadas (assim como as de Suíça e Áustria e as de Espanha e América Latina). Mas Portugal representa só 10% dos entrevistados. Por aqui, quase a metade dos jovens (49%) acredita que vai vivenciar a Terceira Grande Guerra.


A Sulake Corporation, empresa voltada ao entretenimento on-line, que administra o Habbo Hotel (lê-se "rabô"), realizou no fim de 2007 uma ampla pesquisa com os usuários da comunidade em todo o mundo, procurando identificar seus hábitos de consumo e suas perspectivas em relação ao futuro. Uma das perguntas era: "Quando você pensa sobre o futuro, quanto as coisas abaixo preocupam você?". Entre as opções, estavam aquecimento global, racismo, terrorismo, acidentes nucleares etc.

"Dos entrevistados, 87% temem uma nova guerra mundial e 86% têm receio de que seus países venham a se envolver numa guerra", diz Alisson Pedro, country manager do Habbo Hotel no Brasil e em Portugal. Por isso, a Sulake decidiu organizar uma nova pesquisa este ano, concentrada em conflitos.

Os brasileiros e os portugueses são os mais preocupados com conflitos globais (75%), seguidos pelos japoneses (65%). Os menores índices nesse quesito estão na Suécia (26%) e Holanda (23%). Para os entrevistados, as principais causas de disputas são a briga por recursos naturais (petróleo, diamantes e terras), diferenças religiosas ou políticas e governos corruptos.

Quase metade dos jovens brasileiros, surpreendentemente, concorda com o alistamento militar obrigatório (49%). Os adolescentes que mais aceitam a idéia são os de Cingapura (74%), Rússia (73%) e Noruega (62%). No Japão, esse percentual é de 8% e na Holanda, de 12%.

Mas os brasileiros (51%) estão entre os menos informados sobre o recrutamento de crianças abaixo dos sete anos de idade como soldados em conflitos armados. Por outro lado, a maioria dos usuários que mora no Brasil (68%) mostra-se muito mais solidária do que os franceses (26%) ou os finlandeses (29%) em diminuir os efeitos negativos da guerra. No mundo, as opções mais citadas nesse sentido foram se tornar um voluntário em organizações que ajudam crianças atingidas pela guerra e criar um grupo no Habbo Hotel ou outra comunidade virtual para chamar a atenção sobre o assunto.

O Brasil é o terceiro país em número de visitantes únicos, com 1,5 milhão de usuários. Só perde para os Estados Unidos, segundo colocado, e Espanha e América Latina, que reúnem todos os usuários de língua hispânica. "Mas temos potencial para ultrapassar, em breve, o mercado americano, que tem menos de 2 milhões de usuários", diz Pedro.

O Habbo Hotel abre espaço para ações de anunciantes em suas páginas, em geral com games interativos. "Os banners prendem pouco a atenção desse público", afirma o executivo. Entre os principais anunciantes da comunidade no Brasil estão a Unilever (com a marca Seda Teens), a Kellogg e a Cadbury Adams (com o chiclete Bubbaloo). No mundo, a Sulake faturou 43 milhões de euros em 2007.

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