quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Soldados sem comida

Mauro Santayana

O Exército anunciou a dispensa de recrutas, porque não tem como os alimentar. Provavelmente o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao qual se submete administrativamente a corporação, não esteja em condições de ajudá-la. Ele se encontra empenhado, nestes dias, em desestabilizar o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e a Polícia Federal. Seus esforços se concentram em tentar provar que a Abin estava fazendo o que, em sua opinião, não podia fazer: informar-se. Informar-se sobre um banqueiro acusado de evasão de divisas e de atos de espionagem, como é o senhor Daniel Dantas. Além desse propósito, Jobim também pretende amordaçar a imprensa e obrigar os jornalistas a revelar suas fontes de informação. É mais uma violação da Constituição de 1988, que assegura a liberdade de imprensa e expressão.

O Brasil é um dos países do mundo que menos gastam com a defesa de sua soberania. O Exército, a que cabe a tarefa principal, como força terrestre, consome apenas 0,1% do PIB, quando a média mundial para isso é de 3,7%. As outras forças sofrem da mesma penúria de recursos, mas o caso do Exército é crucial, porque lhe cabe a responsabilidade maior pela guarda de nossas fronteiras terrestres. No caso da Amazônia, o Exército funciona como o mais importante fator de integração nacional, ao recrutar os jovens indígenas para as suas fileiras. Embora a falta de recursos vá atingir recrutas de todo o país, o problema mais sensível será nos rincões amazônicos.

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