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SÃO PAULO - A Força Aérea Brasileira escolheu os caças Rafale (da francesa Dassault), Gripen (da sueca Saab) e F-18 Super Hornet (da norte-americana Boeing) para seguirem na disputa do programa de renovação da frota de aviões de combate da Aeronáutica, denominado F-X2.
A decisão deixa de fora o Su-35, fabricado pela russa Sukhoi e recentemente adquirido pelo governo venezuelano. Também foram descartados da concorrência o Eurofighter Typhoon (de um consórcio europeu) e o norte-americano Lockheed F-16.
As seis fabricantes haviam recebido em junho um pedido de informações da FAB, que agora reduziu o número de concorrentes de seis para três. A decisão sobre o vencedor deve sair no ano que vem. A intenção do Brasil é adquirir 36 aeronaves em um primeiro lote, que deve começar a ser entregue a partir de 2014.
- Eu acho que tudo indica que poderemos ter aviões americamos, porque é o único que pode ser entregue de imediato - disse o professor Expedito Bastos, pesquisador de assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora, que estranhou a eliminação do Su-35.
- Em termos de avião, sim (o Sukhoi seria a melhor escolha). Estou falando tecnicamente. O Sukhoi é um excelente avião, nos atenderia muito bem. Agora, resta saber se transfeririam tecnologia. Nós não sabemos - disse o professor em entrevista à Reuters.
O Brasil tem insistido na exigência de transferência de tecnologia em suas futuras compras de equipamentos militares, o que poderia complicar a escolha do avião da Boeing. Isso porque o governo norte-americano tem de autorizar a transferência de tecnologia e já embargou a venda de aviões brasileiros com componentes norte-americanos para a Venezuela.
Mas, em nota à imprensa após o anúncio da decisão da FAB, a fabricante norte-americana sinalizou que a transferência tecnológica não seria problema.
- A Boeing vê com bons olhos o estabelecimento de parcerias de longo prazo com a Força Aérea Brasileira, a indústria brasileira e o governo do Brasil - diz a nota.
Por outro lado, o governo brasileiro vem buscando uma parceria próxima com a França, país fabricante do Rafale, na área de equipamentos militares.
Recentemente o ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou, para o final do ano, a assinatura de um acordo de cooperação entre Brasil e França, que será sacramentado durante visita do presidente francês, Nicolas Sarkozy, ao país.
De acordo com o ministro, o pacto inclui a fabricação no Brasil de helicópteros EC-725 pela Helibrás --subsidiária da francesa Eurocopter--, parceria para o desenvolvimento da parcela convencional do submarino nuclear brasileiro --que terá como modelo o Scórpene da francesa DCNS-- e a cooperação para o reaparelhamento e qualificação de tropas do Exército.
- Eu acho que essa aproximação (com a França) não vai trazer muita coisa para a gente aqui. Eu acho que eles não vão transferir tecnologia como o ministro da Defesa está pensando - ponderou o professor.
Já sobre o Gripen, opção de fabricação sueca que também foi um dos três escolhidos pela FAB, Bastos afirmou não acreditar que o caça seria o ideal para as necessidades brasileiras.
- Eu não vejo o Gripen como uma solução. O Gripen foi desenvolvido para países pequenos, nós somos um país de escala continental - disse.
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