sábado, 18 de outubro de 2008

Lugo pede reforço policial no campo

Jornal do Brasil

 

ASSUNÇÃO - O governo do Paraguai aumentou nesta sexta-feira o número de policiais estacionados em áreas rurais do país, diante da crescente tensão entre produtores rurais e agricultores que reclamam terras. No mesmo dia, a prefeita da Ciudad del Este, Sandra McLeod, afirmou que a “mobilização militar brasileira” na fronteira com o Paraguai quer “amedrontar” o povo de seu país.

Grupos de agricultores sem-terra iniciaram, meses atrás, uma série de mobilizações protestando contra a agricultura mecanizada e ameaçando ocupar dezenas de fazendas em diversos pontos do país, que tem mais de 40% da população morando na zona rural.

Segundo o embaixador brasileiro em Assunção, Valter Pecly Moreira, tropas brasileiras estão apenas realizando exercícios de rotina, que também acontecem nas fronteiras que o Brasil tem com Bolívia e Uruguai. Todavia, Sandra expressou seu “total repúdio e desacordo com a prática, que só incentiva abusos”. Autoridades paraguaias disseram estar “de olho” na situação.

O Ministério das Relações Exteriores do Paraguai enviou ao governo do Brasil uma nota manifestando seu desconforto com o fato de os exercícios terem sido comunicados com pouca antecedência.

Ao mesmo tempo, o ministro paraguaio do Interior, Rafael Filizzola, explicou que cerca de 100 membros do Agrupamento Especializado intensificaram o esquema de segurança implantado no Departamento de San Pedro (região central do país), onde a tensão entre os fazendeiros e os agricultores cresceu muito nas últimas semanas.

– Vamos reforçar a presença da polícia e do Estado em uma zona que hoje registra a ocorrência de delitos, muitos dos quais complicados – afirmou Filizzola.

Agricultores de San Pedro avisaram que darão início, na próxima semana, à ocupação de todas as fazendas pertencentes a brasileiros na região se os mesmos não abandonarem essas terras.

 

Sem ingerência

Diante do crescente clima de tensão no campo, moradores brasileiros do Paraguai requisitaram, dias atrás, que autoridades do Estado do Paraná intercedam junto ao governo paraguaio para garantir a proteção de suas fazendas. O Paraguai reafirmou que garantirá o respeito aos direitos dos cidadãos brasileiros residentes ali e conclamou-os a recorrer à polícia e à Procuradoria Geral no caso de se verem ameaçados.

Filizzola, porém, avisou que não admitirá “pressões nem ingerências de instâncias estranhas ao país” e que o governo paraguaio não precisa de qualquer tipo de mediação para implantar sua política de segurança.

Mais de 100 mil brasileiros e descendentes de brasileiros dedicam-se à agropecuária no Paraguai, principalmente nas regiões próximas à fronteira.

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