Um acordo discreto, costurado entre o secretário Nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri, e o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, vai garantir ao Rio a implantação da primeira unidade do Batalhão Especial de Pronto Emprego (Bepe) do Ministério da Justiça fora da sede nacional da corporação, em Luziânia (GO), a 60 quilômetros de Brasília.
O batalhão terá entre 400 a 500 homens, funcionará como uma força auxiliar permanente à polícia do Rio e exigirá investimentos da ordem de R$ 27 milhões, bancados integralmente pelo governo federal por meio do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). A sede, numa área de 4 mil metros quadrados, será cedida pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) na região metropolitana do Rio, e deverá estar pronta nos próximos sete meses.
– A unidade terá capacidade para agir em qualquer situação de violência, mas seu foco será o de polícia comunitária – diz o secretário. Vai buscar a proximidade com as comunidades dentro de uma estratégia de tomada cultural e moral de áreas hoje controladas pelo crime organizado. Vamos começar pela franjas das comunidades
Balestreri aguarda um sinal verde de Beltrami sobre a área onde o batalhão será construído para formalizar o projeto. A tropa do Rio terá praticamente ao mesmo tamanho da nacional que, entre homens e mulheres, formará no ano que vem cerca de 550 policiais – 150 deles recrutados e já aquartelados em Luziânia.
Diferenças
Diferente do Bepe nacional – que terá formação especial para se transformar, segundo Balestreri, num grupo de elite de primeiro mundo, parecido com a SWAT americana – o pelotão do Rio agregará no currículo de seus integrantes a vocação de polícia-cidadã e uma atuação próxima às áreas pobres dominadas pelo crime. O grupo buscará parcerias e atuará articulado com organizações que lidam com as comunidades do Rio.
Segundo ele, os policiais do Bepe nacional serão selecionados em diferentes regiões do país pela vocação ao trabalho comunitário, mas serão capacitados militarmente para tomar e ocupar territórios controlados pelo tráfico e para agir em conflitos de alto risco, desde que a ação seja solicitada pelos Estados.
O projeto é um reforço da parceria entre os governos federal e do Rio, que atualmente já absorve cerca R$ 100 milhões (aplicados em bolsa-formação, ensino superior e programas habitacionais para policiais) dos R$ 750 milhões do orçamento do Ministério da Justiça para segurança pública em todo o país.
– Investimentos para derrubar a criminalidade no Rio têm uma simbologia mundial pelo que a cidade representa – diz Balestreri.
Com capacitação física, militar e tecnológica inspirada em polícias que se especializaram na formação de grupos de elite – entre eles, Estados Unidos e Israel – o Bepe da Força Nacional de Segurança (FNS) será o primeiro grupamento de choque que o governo federal colocará à disposição dos Estados com preparo para agir em situações críticas – como seqüestro com reféns, rebeliões e outras ocorrências de alto risco.
O primeiro contingente será formado policiais de 11 Estados – cada um deles cederá 50 – que ficarão aquartelados na sede do Bepe pelo período de um ano. Aprenderão novas técnicas de formação e serão usados para ações de emergência sempre que os Estados solicitarem. Ao retornar às corporações de origem – depois que um novo grupo for recrutado – os policiais levam o conhecimento e todo o equipamento disponibilizado pela União para criar unidades regionais.
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