sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Sem-terra ameaçam queimar fazenda de brasileiro no Paraguai

Tensão aumenta com detenção de agentes fiscais por camponeses; brasiguaio pede 'justiça' às autoridades

Efe

 

ASSUNÇÃO - A tensão nas regiões agrícolas do Paraguai aumentou nesta quinta-feira, 30, com a detenção de agentes fiscais por parte de trabalhadores rurais, que, além disso, ameaçaram queimar a fazenda de um dos principais produtores brasileiros do país. O empresário catarinense Tranquilo Fávero, um dos principais produtores agrícolas do Paraguai, pediu "justiça" às autoridades e disse que o sítio o qual os camponeses ameaçam queimar está cheio de trigo, milho e outros grãos, com um investimento de US$ 5 milhões.

"Quero justiça, estou no Paraguai há 40 anos. Acho que estou fazendo algo de bom", afirmou Fávero a emissoras de rádio, ao criticar os sem-terra, os quais consideram criminosos todos os brasiguaios. Os camponeses argumentam que, no passado, grandes extensões de terra foram cedidas ou arrendadas a pessoas não submissas à reforma agrária, entre elas brasileiros, e que, além disso, as plantações mecanizadas, como a da soja, destroem as florestas e poluem o meio ambiente.

 

A fazenda ameaçada de Fávero fica no distrito de Capiibary, cerca de 350 quilômetros ao nordeste de Assunção, e os sem-terra tentam impedir o início da semeadura de soja da colheita 2007-2008. Outro grupo de camponeses reteve nesta quinta três agentes fiscais, dois policiais e o motorista de uma comitiva que tentou intervir em um conflito entre camponeses e colonos brasileiros em Yasy Cañy, perto de Capiibary.

Os fiscais e os agentes foram libertados duas horas depois e a Promotoria de Curuguaty, à qual pertencem os afetados, informou que espera a chegada de reforço policial para iniciar a busca e captura dos responsáveis.

O Ministro do Interior, Rafael Filizzola, anunciou, por sua vez, que viajará nas próximas horas à região após uma reunião imprevista que manteve com José Ledesma, o governador do departamento de San Pedro, centro do país e a área mais conflituosa. "Vim pedir ao ministro que se apresente, para que escute as pessoas e para que veja o que esta gente está fazendo. É importante que ele esteja na zona", afirmou Ledesma.

O governador apóia as reivindicações camponesas e afirmou que muitos fazendeiros brasileiros não respeitam as leis ambientais e cultivam soja "até na estrada". Por outro lado, funcionários da Secretaria do Ambiente anunciaram hoje a detecção de supostas violações das leis ambientais na fazenda El Progreso, na zona de Capiibary, controlada pelos brasileiros Aldo Haverrot e Valdir Neukamp. Ambos foram denunciados por dirigentes da Organização de Luta pela Terra.

 

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