O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, recomendou ontem paciência nas negociações entre o Equador e duas grandes empresas brasileiras, a Petrobras e a construtora Odebrecht. O governo do presidente Rafael Correa, que viu aprovado recentemente em referendo seu projeto de Constituição, aperta o cerco às multinacionais no país: quer que petrolíferas, como a Petrobras, aumentem os investimentos e transformem seu contrato de operador para um de prestador de serviços. Caso contrário, terão de deixar o país. Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, não consideraram a crise grave, mas admitiram que a empresa pode sair do Equador caso fique sem acordo. “Há um diálogo que ainda está ocorrendo. Há também um excesso de declarações. Não é bom negociar através dos meios”, disse Amorim, explicando que as negociações são realizadas diretamente pela Petrobras e não pelo Estado brasileiro. Gabrielli afirmou ter ficado surpreso com as ameaças de expulsão feitas no último fim de semana por Correa e disse que a empresa não aceitará assinar um contrato de prestação de serviços, como quer o Equador. “Nós já temos um acordo praticamente concluído e temos de resolver a situação do Oleoduto de Crudos Pesados (OCP) no norte do Equador”, explicou Gabrielli durante um evento em Angra dos Reis (RJ) para inaugurar uma plataforma da Petrobras, a P-51. O OCP transporta petróleo da bacia do Oriente equatoriano até o Pacífico e entrou em operação em 2004. Presente ao mesmo evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a questão era simples. “Se tiver acordo, ótimo. Se não tiver acordo, a Petrobras vai procurar outro caminho e o Equador vai encontrar outros parceiros”, afirmou. “Precisamos saber se o Equador quer ter ou não a Petrobras, e se a Petrobras, pelas reservas que tem lá, acha que vale a pena investir.” Segundo Lula, se o assunto passar à esfera política, o Ministério de Minas e Energia e o Ministério das Relações Exteriores deverão participar da discussão. No entanto, o presidente lembrou que o Equador continua sendo parceiro estratégico do Brasil. A Petrobras já investiu US$ 430 milhões no Equador desde 1997, e a empresa previa investir mais US$ 300 milhões nos próximos anos. Correa ameaçou no sábado nacionalizar o Bloco 18, um campo de petróleo que começaria a ser explorado pela empresa brasileira, caso a estatal não renegocie seu contrato. Atualmente, os acordos dão ao Estado 18% do petróleo. O presidente equatoriano quer que o país fique com toda a extração, em troca do pagamento dos custos de produção e uma margem de lucro às companhias de petróleo. Recentemente, o governo de Correa também bloqueou bens da empreiteira Odebrecht e ameaçou expulsar a empresa do Equador por causa de falhas na estrutura da hidrelétrica de San Francisco, construída por um consórcio liderado pela firma brasileira. |
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Para Lula, Petrobras pode sair do país
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