Bloco liderado por Chávez diz que Equador tem direito a refutar débitos que o lesaram, em momento em que Quito recorre contra BNDES
Equatoriano diz que reação do Brasil foi desproporcional e que seu país "não tem que pedir permissão a ninguém para exercer sua soberania"
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Em meio à crise diplomática com o Brasil, o presidente do Equador, Rafael Correa, pediu e obteve o apoio ontem da Venezuela, da Bolívia e dos demais países da Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas) para a revisão da dívida externa equatoriana, que teve sua primeira medida prática na solicitação de uma arbitragem internacional para não pagar um empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
"Nós, diante da clamorosa ilegalidade da dívida, estamos analisando mecanismos para não pagar e, numa luta legal, ir aos tribunais internacionais, mas já estamos sofrendo as ameaças e pressões dos mesmos de sempre. Por isso, pedimos aos membros da Alba e da América Latina inteira que nos respaldem", disse Correa em Caracas, em cúpula do bloco idealizado por Chávez que tem ainda Bolívia, Nicarágua, Cuba, Honduras e Dominica.
O equatoriano, que só anunciou sua presença anteontem, assistiu à cúpula convocada para discutir a crise econômica mundial como "observador" -ele não participa do bloco.
Momentos depois, Chávez leu o documento final no qual a Alba apóia a iniciativa equatoriana de "proteger seus interesses soberanos". O texto "alerta os organismos financeiros internacionais sobre respostas conjuntas de nossos países para enfrentá-los em caso de ações que atentem contra a vontade do Equador de impugnar os créditos que tenham lesionado a economia do país".
Na semana passada, o Equador divulgou uma auditoria que aponta irregularidades em quase 40% da dívida externa do país -US$ 3,9 bilhões, incluindo o empréstimo de US$ 243 milhões ao BNDES.
Cerca de uma hora depois do final da cúpula, Chávez recebeu, também no Palácio Miraflores, o presidente russo, Dmitri Medvedev, que ficará no país por dois dias, vindo do Brasil.
Correa
Antes de embarcar para Caracas, Correa disse que a decisão do governo brasileiro de chamar o seu embaixador para consultas, na sexta-feira, foi "desproporcional". A medida de Brasília foi a reação ao anúncio por Quito, na véspera, de que havia recorrido à arbitragem para não pagar o BNDES.
O montante foi concedido ao Equador para a construção, pela brasileira Odebrecht, da hidrelétrica de San Francisco -que em menos de um ano apresentou falhas e teve que ser paralisada por quatro meses. Em outubro, Correa expulsou a empreiteira do país.
Há uma semana, Correa disse que enviara recurso à Corte de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional em Paros para não pagar o BNDES.
O Equador "não tem de pedir permissão a ninguém para exercer sua soberania", disse Correa. "A culpa do que está ocorrendo é da Odebrecht, empresa corrupta e corruptora."
Ele também voltou a negar que tenha pedido crédito ao BNDES para um negócio com a Embraer: "Compramos os aviões com dinheiro equatoriano." Mas afirmou que, "se esse país [o Brasil] suspender a transação, as aeronaves podem ser adquiridas de outro".
Equatoriano diz que reação do Brasil foi desproporcional e que seu país "não tem que pedir permissão a ninguém para exercer sua soberania"
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Em meio à crise diplomática com o Brasil, o presidente do Equador, Rafael Correa, pediu e obteve o apoio ontem da Venezuela, da Bolívia e dos demais países da Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas) para a revisão da dívida externa equatoriana, que teve sua primeira medida prática na solicitação de uma arbitragem internacional para não pagar um empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
"Nós, diante da clamorosa ilegalidade da dívida, estamos analisando mecanismos para não pagar e, numa luta legal, ir aos tribunais internacionais, mas já estamos sofrendo as ameaças e pressões dos mesmos de sempre. Por isso, pedimos aos membros da Alba e da América Latina inteira que nos respaldem", disse Correa em Caracas, em cúpula do bloco idealizado por Chávez que tem ainda Bolívia, Nicarágua, Cuba, Honduras e Dominica.
O equatoriano, que só anunciou sua presença anteontem, assistiu à cúpula convocada para discutir a crise econômica mundial como "observador" -ele não participa do bloco.
Momentos depois, Chávez leu o documento final no qual a Alba apóia a iniciativa equatoriana de "proteger seus interesses soberanos". O texto "alerta os organismos financeiros internacionais sobre respostas conjuntas de nossos países para enfrentá-los em caso de ações que atentem contra a vontade do Equador de impugnar os créditos que tenham lesionado a economia do país".
Na semana passada, o Equador divulgou uma auditoria que aponta irregularidades em quase 40% da dívida externa do país -US$ 3,9 bilhões, incluindo o empréstimo de US$ 243 milhões ao BNDES.
Cerca de uma hora depois do final da cúpula, Chávez recebeu, também no Palácio Miraflores, o presidente russo, Dmitri Medvedev, que ficará no país por dois dias, vindo do Brasil.
Correa
Antes de embarcar para Caracas, Correa disse que a decisão do governo brasileiro de chamar o seu embaixador para consultas, na sexta-feira, foi "desproporcional". A medida de Brasília foi a reação ao anúncio por Quito, na véspera, de que havia recorrido à arbitragem para não pagar o BNDES.
O montante foi concedido ao Equador para a construção, pela brasileira Odebrecht, da hidrelétrica de San Francisco -que em menos de um ano apresentou falhas e teve que ser paralisada por quatro meses. Em outubro, Correa expulsou a empreiteira do país.
Há uma semana, Correa disse que enviara recurso à Corte de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional em Paros para não pagar o BNDES.
O Equador "não tem de pedir permissão a ninguém para exercer sua soberania", disse Correa. "A culpa do que está ocorrendo é da Odebrecht, empresa corrupta e corruptora."
Ele também voltou a negar que tenha pedido crédito ao BNDES para um negócio com a Embraer: "Compramos os aviões com dinheiro equatoriano." Mas afirmou que, "se esse país [o Brasil] suspender a transação, as aeronaves podem ser adquiridas de outro".
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