Chanceler confirma revisão de acordos, mas diz que programas sociais serão mantidos
Eliane Oliveira
BRASÍLIA. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem que o não pagamento da dívida do Equador junto ao BNDES prejudicará o comércio entre todos os países da América Latina que são signatários do Convênio de Créditos Recíprocos (CCR), que tem a garantia de todos os bancos centrais. Segundo ele, enquanto continuar o impasse, o Brasil não financiará mais qualquer projeto de interesse do Equador:
- Não é retaliação, é uma medida de precaução.
Amorim confirmou que estão sendo revistos todos os acordos de cooperação - conforme antecipou O GLOBO ontem -, mas adiantou que os programas sociais não deverão ser atingidos.
Ele revelou que o embaixador brasileiro em Quito, Antonino Marques Porto, esteve com autoridades equatorianas na quarta-feira, um dia antes de o presidente Rafael Correa anunciar que questionaria, na Câmara de Comércio Internacional, o empréstimo de US$243 milhões do BNDES à Odebrecht, para a hidrelétrica de San Francisco. Segundo fontes do governo, o que mais irritou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o fato de o embaixador não ter sido informado. O Equador, porém, lamentou ontem que o Brasil tenha levado a questão para a área diplomática.
Amorim disse que a inadimplência não afetará só as relações entre Brasil e Equador. Uma das conseqüências seria o aumento do custo dos empréstimos no âmbito do CCR:
- Ao ficar claro que uma garantia não é tão absoluta quanto se acreditava, o risco vai subir e afetar outros países.
Perguntado por que o Brasil não agiu da mesma forma com a Bolívia, quando da ocupação das refinarias da Petrobras, ele disse ter ido pessoalmente a La Paz.
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