Em sua primeira visita ao Brasil, Dmitri Medvedev assinará os acordos de cooperação bilateral costumeiros desse tipo de viagem. Mas um dos grandes interesses de sua delegação está nos bastidores, na tentativa de recuperar o espaço perdido para a França no campo de intercâmbio militar.
Com efeito, a grande esperança dos diplomatas russos é poder anunciar durante a visita o fechamento de um negócio de US$ 250 milhões que vem se desenrolando há dois anos, a compra de 12 helicópteros de transporte e ataque Mi-35 para a Força Aérea Brasileira. A FAB desconversa.
O nó a ser desatado é a exigência de que fossem instalados aviônicos israelenses feitos no Brasil pela empresa AEL, o que os russos consideravam antieconômico numa compra tão pequena.
De certa forma, a questão resume o principal problema nas sempre travadas negociações comerciais entre os dois países. O Brasil defende que não quer fazer compras de prateleira, exigindo contrapartidas comerciais e tecnológicas. A Rússia concorda, mas demanda escala para que isso seja viável -como nos acordos para produção de aviões de caça seus na Índia e na China.
Além dos helicópteros, os russos irão ofertar aviões de treinamento básico Yak-130 e sistemas de mísseis, mas essas ainda são negociações incertas.
Com uma nova política de defesa sendo elaborada a passos lentos pelo governo brasileiro, contudo, Paris ultrapassou Moscou e tornou-se a parceira estratégica preferencial. O primeiro sinal foi a retirada da lista de finalistas para fornecer o novo caça da FAB, motivada também pelo temor de um alinhamento com a grande compradora de armas russas na região, a antiamericana Venezuela, assim como considerações técnicas.
Mas isso não deverá mudar o peso que a Rússia tem como parceiro comercial no campo de carnes, principais produtos na pauta exportadora do Brasil para o país.
As exportações brasileiras para a Rússia subiram de US$ 423 milhões em 2000 para US$ 3,7 bilhões no ano passado. Já o Brasil comprou US$ 1,7 bilhão em produtos russos em 2007. A Câmara de Comércio Brasil-Rússia espera que o volume entre os países chegue a US$ 7 bilhões neste ano, e a US$ 10 bilhões em 2010.
Medvedev, que chega hoje ao Rio e fará turismo amanhã pela cidade, será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com um churrasco no Palácio das Laranjeiras.
Na quarta-feira, assinarão um acordo de cooperação nuclear e outros visando acabar com a exigência de vistos entre os dois países. Memorandos na área energética também devem ser assinados. (IG)
Nenhum comentário:
Postar um comentário