Karla Correia
BRASÍLIA
O diretor do Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty, ministro Carlos Duarte, vê na aproximação entre os Brics, em meio ao cenário de crise econômica mundial, o embrião de um grupo capaz de fortalecer um modelo multipolarizado nas relações internacionais. Ao Jornal do Brasil, o ministro fala sobre o novo papel desses países e sobre como o Brasil pode se mover nesse novo ambiente internacional.
Em maio, os Brics se reconheceram pela primeira vez como um fórum econômico, em um gesto de grande peso político para o grupo. Que tipo de oportunidade essa aproximação pode abrir para o Brasil?
De fato, a reunião entre representantes dos quatro países em Ekaterinburgo (Rússia) teve um caráter fortemente político, mais do que econômico. Faz parte da defesa de uma multipolaridade das relações internacionais. Esse elemento é importante, são países que se posicionam de forma muito clara a favor de uma nova ordem mundial. Para o Brasil e para os demais Brics, a oportunidade é de ganhar mais peso no cenário internacional.
Do ponto de vista político, então, em que a nova relevância desses países no cenário internacional pode ter influência mais marcada?
Uma das mais importantes é a questão ambiental. São economias importantes, cujas decisões terão impacto forte nas negociações em torno das emissões de carbono e nos arranjos na área ambiental, perseguidos por todos os países em nível global.
Como os Brics podem se afirmar como novas lideranças mundiais, em meio à crise?
Eu acho que eles podem se tornar um fator de estabilização econômica global neste momento. Isso se daria pela diversificação comercial, que contribuiria como um contraponto à crise que afeta os países mais centrais no sistema econômico global.
Isso vai ao encontro das afirmações que o presidente Lula tem feito sobre a diversificação de parceiros comerciais do Brasil...
A redução da atividade econômica afeta todos os países. Mas, de fato, pode-se observar que, no Brasil, a diversificação dos parceiros comerciais tem promovido uma mitigação nos efeitos dessa crise. Hoje pode-se ver claramente que trata-se de uma política externa bastante acertada.
Esses parceiros não seriam igualmente afetados pela crise, reduzindo as importações?
Em termos. Há um efeito que não é linear em todos os parceiros comerciais do Brasil. O comércio com a China que, apesar de também ser afetado pela crise, continua crescendo. Isso vai compensar a redução na atividade comercial com os países que experimentam uma queda maior na atividade.
BRASÍLIA
O diretor do Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty, ministro Carlos Duarte, vê na aproximação entre os Brics, em meio ao cenário de crise econômica mundial, o embrião de um grupo capaz de fortalecer um modelo multipolarizado nas relações internacionais. Ao Jornal do Brasil, o ministro fala sobre o novo papel desses países e sobre como o Brasil pode se mover nesse novo ambiente internacional.
Em maio, os Brics se reconheceram pela primeira vez como um fórum econômico, em um gesto de grande peso político para o grupo. Que tipo de oportunidade essa aproximação pode abrir para o Brasil?
De fato, a reunião entre representantes dos quatro países em Ekaterinburgo (Rússia) teve um caráter fortemente político, mais do que econômico. Faz parte da defesa de uma multipolaridade das relações internacionais. Esse elemento é importante, são países que se posicionam de forma muito clara a favor de uma nova ordem mundial. Para o Brasil e para os demais Brics, a oportunidade é de ganhar mais peso no cenário internacional.
Do ponto de vista político, então, em que a nova relevância desses países no cenário internacional pode ter influência mais marcada?
Uma das mais importantes é a questão ambiental. São economias importantes, cujas decisões terão impacto forte nas negociações em torno das emissões de carbono e nos arranjos na área ambiental, perseguidos por todos os países em nível global.
Como os Brics podem se afirmar como novas lideranças mundiais, em meio à crise?
Eu acho que eles podem se tornar um fator de estabilização econômica global neste momento. Isso se daria pela diversificação comercial, que contribuiria como um contraponto à crise que afeta os países mais centrais no sistema econômico global.
Isso vai ao encontro das afirmações que o presidente Lula tem feito sobre a diversificação de parceiros comerciais do Brasil...
A redução da atividade econômica afeta todos os países. Mas, de fato, pode-se observar que, no Brasil, a diversificação dos parceiros comerciais tem promovido uma mitigação nos efeitos dessa crise. Hoje pode-se ver claramente que trata-se de uma política externa bastante acertada.
Esses parceiros não seriam igualmente afetados pela crise, reduzindo as importações?
Em termos. Há um efeito que não é linear em todos os parceiros comerciais do Brasil. O comércio com a China que, apesar de também ser afetado pela crise, continua crescendo. Isso vai compensar a redução na atividade comercial com os países que experimentam uma queda maior na atividade.
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