terça-feira, 25 de novembro de 2008

Facada nas costas

BRASÍLIA - O presidente Rafael Correa tem todo o direito, até o dever, de defender o Equador de empresas que estão há décadas tirando muito e dando pouco ao país. Mas não precisa ser infantil, irresponsável, sem limites. E ele está sendo. Tudo começou... com a Bolívia jogando o Exército nas refinarias da Petrobras. Correa deve ter achado o máximo e foi atrás. Enxotou a Odebrecht, retirou os direitos de uma penca de brasileiros no país, ameaçou Petrobras e Furnas e agora pede arbitragem internacional para dar o calote no BNDES. "Uma facada nas costas", dizem diplomatas brasileiros e assessores de Lula, com uma reclamação de conteúdo, outra de forma. De conteúdo: há o temor de que os tiros de Correa ricocheteiem na credibilidade de empréstimos pelos sistema CCR (com garantia dos Bancos Centrais). E, depois, na própria Unasul. Quanto à forma: Lula fica enlouquecido com Correa, que tem um discurso a portas fechadas e outro nos palanques. Na véspera da facada no BNDES, assessores equatorianos se reuniram com diplomatas brasileiros, em Quito, e não abriram a boca. No dia seguinte, pimba! Lá estava Correa se gabando em público de ser machão com o Brasil. Nós conhecemos o nosso Lulinha. Tudo pode. Mas deixá-lo com cara de tacho? Isso não pode. Ele jogou duro quando cancelou uma missão técnica que levaria um saco de bondades para o Equador. Agora endureceu de vez ao chamar o embaixador Antonino Marques Porto para explicações. Bem ou mal, a Venezuela tem petróleo, e a Bolívia, gás. E o Equador? Nada a oferecer e muito a ganhar do Brasil e da Unasul forte. Correa corre ladeira abaixo, sem avaliar os riscos, inclusive de se isolar até de seus aliados Chávez, Evo Morales e Fernando Lugo. A não ser que tudo seja uma armação contra "o imperialista do Sul". Aí, nem é mais questão diplomática. É psiquiátrica.

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