domingo, 24 de agosto de 2008

Petróleo no Pré-Sal

Exclusivo - O setor petrolífero detém a informação privilegiada de que tem qualidade semelhante ao da Arábia Saudita o petróleo explorável na chamada camada pré-sal. É “parafinado” o nosso oculto ouro negro, que o vício colonial do Brasil pode entregar de mãos beijadas ao grande capital transnacional. Técnicos da Petrobrás revelam, nos bastidores, que têm condições de buscar o óleo e o gás em profundidades de até 7 mil metros.O desafio tecnológico ainda é imenso. A camada pré-sal protege o óleo sob alta pressão, a uma temperatura de 90 graus Celsius, na alta profundidade. O problema é que o tubo de exploração, no fundo do mar, funciona a uma temperatura média de apenas 4 graus. No sistema atual, o óleo solidificaria. O desafio é criar um sistema inédito de aquecimento dos tubos, para manter o óleo líquido. Pesquisadores também estudam a utilização de inéditos tubos em fibra de carbono, mais resistentes e flexíveis para a complicada exploração do pré-sal brasileiro.A camada pré-sal se estende por cerca de 800 quilômetros, entre os Estados do Espírito Santo e Santa Catarina, e engloba três bacias sedimentares (Espírito Santo, Campos e Santos). Os reservatórios do pré-sal podem conter bilhões de barris de petróleo e gás natural. Especialistas afirmam que os reservatórios podem conter mais de 100 bilhões de barris. A estimativa de reservas foi feita em apenas um bloco, o de Tupi, onde existe potencial entre 5 e 8 bilhões de barris. Atualmente, as reservas do país não passam dos 14 bilhões.A previsão otimista de exploração comercial dos novos campos é para daqui a sete anos. A partir de 2015, sem ufanismo, o Brasil se tornará um dos 10 maiores produtores de petróleo no mundo.Proteção tecnológicaO desgoverno Lula deve se preparar para uma alta pressão da “equipe Petrobrás”.A força corporativa dos funcionários da Petrobras promete reagir contra a intenção do desgoverno de criar uma nova empresa para explorar o petróleo na camada pré-sal, usando tecnologia estrangeira.Nos bastidores, a elite de especialistas da companhia adverte que não vai fornecer seu “know how” de sucesso na exploração em águas profundas para outra empresa.Fundo nada soberanoO ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a afirmar ontem que parte dos recursos obtidos com a exploração de petróleo na camada pré-sal será destinada ao Fundo Soberano do Brasil.Segundo ele, a idéia é deixar parte dos recursos gerados pelo pré-sal aplicados no exterior para evitar a internalização desses dólares, com vistas a evitar movimentos inflacionários ou ampliar a valorização já excessiva do real.Na verdade, quem terá soberania sobre a grana brasileira será a Oligarquia Financeira Transnacional que nos controla e governa de verdade.Polêmica da unitizaçãoA Petrobras fará uma sísmica de alta definição no campo de Tupi para descobrir se os blocos do pré-sal estão interligados.Se ficar comprovada a interligação entre os blocos, as empresas que possuem áreas na região terão que explorar juntas o petróleo e o gás.Possuem blocos na área do pré-sal, além da Petrobras, a Shell, Amerada Hess, Galp, Repsol, BG e Exxon.Em nota a investidores ontem, a Petrobras ponderou que não tem informações suficientes que comprovem que o pré-sal na Bacia de Santos precisará de unificação.Concorrentes na brigaAs empresas do setor privado de petróleo não estão dispostas a aceitar que a Petrobras explore áreas da União ainda não licitadas no pré-sal caso haja a unitização (termo técnico para unificação) das regiões onde estão os campos já anunciados, na Bacia de Santos.Executivos do setor reclamam que, se a Petrobras assumir a produção nessas áreas, haverá favorecimento indevido aos acionistas privados da estatal, já que 60% do capital da empresa estão no mercado financeiro.A solução desse impasse pode ocorrer até o fim do ano, quando a Agência Nacional do Petróleo (ANP) deve indicar as normas para a unitização em todas as bacias do pré-sal.A idéia é fazer uma audiência pública para discutir as regras, previstas apenas em um artigo da Lei do Petróleo.Contra o entreguismoA Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobras) acionou o Ministério Público Federal para questionar um contrato firmado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) com a empresa norte-americana Halliburton.A Landmark Digital and Consulting Solutions, subsidiária da Halliburton no Brasil, é responsável pelo gerenciamento do Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP) da ANP desde o ano de 2001.O diretor da Aepet, Fernando Siqueira, afirma que não se trata de uma questão "ideológica", mas sim de segurança de informações estratégicas:"O diretor da ANP hoje responsável pelo banco de dados é um ex-diretor da própria Halliburton: Nélson Narciso, nomeado em 2006. Quem conhece a maneira como as empresas americanas de petróleo atuam no mundo tem direito à desconfiança".A armaçãoEm dezembro de 2005, a diretoria da ANP aprovou a renovação do contrato com a Landmark, sem licitação.Em nota, a ANP informou que o sistema de gerenciamento de dados da Halliburton já era utilizado pela Petrobras quando foi transferido para a agência, em 2000.O BDEP é o principal banco de dados sobre as atividades de pesquisa e exploração de petróleo no país. Reúne todas as informações coletadas pela Petrobras e por empresas privadas em bacias, campos e poços.No BDEP, ficam armazenados os dados de sísmica (que indicam o caminho para a perfuração e a localização dos reservatórios de petróleo) e as informações relativas aos métodos usados nas pesquisas.O petróleo é nosso, vosso ou deles?O chefão Lula está criando outra zona de tensão com a Oligarquia Financeira Transnacional que controla o setor de petróleo e energia em todo o planeta.As empresas petrolíferas reprovaram que o desgoverno tenha decidido que retomará os leilões de concessões de exploração de petróleo apenas nas áreas localizadas em terra e em águas rasas, deixando de fora toda a camada pré-sal e as áreas próximasA criação de uma nova empresa para tocar os mega-negócios da exploração da camada pré-sal desagrada a indústria do petróleo.Também contraria os reais interesses dos verdadeiros donos da Petrobrás – que não pertence mais à maioria dos brasileiros.Os donosO próprio chefão Lula admite nos bastidores e em discursos com empresários que o capital estrangeiro já detém 50% da Petrobras.O bilionário e mega-especulador George Soros detém 22% do controle da Petrobrás.O socialista fabiano Soros comprou US$ 811 milhões – cerca de R$ 1,6 bilhão – em ações da Petrobras no segundo trimestre, transformando-a no maior ativo da carteira de seu fundo de investimentos.O desafio é o nosso factóide?A extração do primeiro óleo da camada pré-sal será feita no dia 2 de setembro, no Campo Jubarte, na Bacia de Campos, na altura do Estado do Espírito Santo.A extração, que contará com a presença do chefão Luiz Inácio Lula da Silva, será feita pela plataforma P-34, a partir de um poço com vazão de produção de 10 mil a 20 mil barris.A experiência servirá para avaliar como se comportará, durante a produção, o óleo da camada pré-sal brasileira, cujos maiores campos se encontram na Bacia de Santos.Na verdade, a experiência já está mais que feita, e apenas servirá de palco marketeiro para o chefão Lula, que vai sujar suas mãos novamente de petróleo, e posar para as câmeras...Vai e vem de LulaO chefão Lula negou ontem que já exista a definição sobre a criação da nova estatal que vai ser responsável por gerir os recursos provenientes da exploração do petróleo da região pré-sal.Lula advertiu que apenas existe uma discussão de um conselho interministerial sobre o que fazer com estes recursos.“A única coisa que eu disse sobre o pré-sal foi que as pessoas têm que ter clareza de que o petróleo, enquanto estiver embaixo da terra, é da União. E precisamos utilizar este potencial extraordinário para acabar definitivamente com a pobreza neste país e recuperar o tempo perdido com a falta de investimento na educação”.Para Boi dormirLula informou que, no dia 19 de setembro, serão enviadas ao Congresso propostas para a exploração do pré-sal.O chefão advertiu que, a partir daí, serão feitos debates com a Petrobras e o Congresso sobre a forma de exploração e destinação.Em entrevista após a inauguração do terminal de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) de Pecém, em São Gonçalo do Amarantes, no Ceará, Lula afirmou que a decisão não pode ser precipitada:“Ainda temos dois anos e quatro meses de governo e a Petrobras, muitos mais. Isso não pode ser pensado a partir da vontade do presidente, nem de governos. Tem que ser pensado de acordo com a necessidade da população”.O que disse aos políticosNo entanto, para dirigentes partidários que participaram da reunião do Conselho Político, na terça-feira, no Palácio do Planalto, Lula teria dito que era certa a intenção de criação da nova estatal para cuidar do pré-sal.Lula teria explicado que, ao criar a nova estatal, não seriam desrespeitados os contratos em vigor.Ele teria dito que as áreas já licitadas, que foram prospectadas e onde novos campos foram descobertos seriam mantidas pela Petrobrás e seus sócios privados.Lula teria dito ainda que o governo pretende adotar o modelo norueguês, criando uma empresa enxuta que será a proprietária dessas reservas e que terá como única finalidade gerir as rendas obtidas com a exploração do petróleo.Farra dos RoyaltiesO desgoverno quer mudar a forma de apropriação dos royalties pagos pelas empresas petrolíferas a Estados e municípios.Para os campos de petróleo da camada do pré-sal, a idéia é criar nova forma de distribuir recursos.O governador Sérgio Cabral discute hoje com o colega do Espírito Santo, Paulo Hartung, uma estratégia comum de resistência contra as mudanças que prejudicariam municípios dos dois estados.O ferro é delesA ArcelorMital, maior produtor de aço do mundo, comprou as jazidas de minério de ferro da London Mining, em Itatiaçu (MG).Pagou a bagatela de US$ 510 milhões, incluindo dívidas.Em três anos, a mina receberá mais de US$ 700 milhões em investimentos, para chegar a 10 milhões de toneladas/ano.

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