Apesar de menção a assessores de Lula em e-mails, análise preliminar diz não haver vínculo entre membros do governo e guerrilha
Serviços de inteligência do Brasil temem, porém, que, com o apoio da ala radical do petismo, país vire local de refúgio para criminosos
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Serviços de inteligência do Brasil temem, porém, que, com o apoio da ala radical do petismo, país vire local de refúgio para criminosos
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) está analisando o teor dos e-mails de integrantes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), relevados pela Folha, em que são mencionados assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de deputados, vereadores, acadêmicos e sindicalistas. O documento foi classificado como secreto.
Uma análise preliminar, concluída há 15 dias, determinou não haver vínculo direto entre integrantes do governo e membros das Farc, apesar da menção a contatos com assessores especiais de Lula, como Selvino Heck e Gilberto Carvalho.
A investigação será aprofundada, pois os organismos de inteligência, principalmente a Abin e o CIE (Centro de Inteligência do Exército), temem que representantes das Farc consigam se fixar no país com apoio de militantes de esquerda hoje acolhidos em escalões inferiores do governo Lula.
Como a Folha revelou em julho, há mais de 60 brasileiros citados nos 85 e-mails supostamente apreendidos nos computadores. Há preocupação de que alas radicais do petismo, mais do que simpatizantes, passem a abrir um espaço institucional para a militância do grupo colombiano no Brasil.
Hipótese não desprovida de fundamento, apesar do processo de esfacelamento das Farc, com a perda recente de seus principais líderes e de reféns políticos estratégicos para a guerrilha, como a ex-senadora colombiana Ingrid Betancourt. No Brasil, as Farc não são tratadas como grupo terrorista nem como movimento político, mas encaradas como um grupo guerrilheiro que se financia pelo tráfico internacional de drogas.
A desconfiança foi reforçada por uma ação da Polícia Federal em que agentes apreenderam cinco lotes de medicamento usado em tratamento contra leishmaniose no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), região sob forte influência da guerrilha colombiana.
Havia três colombianos na lancha, que acabou capturada pelos policiais depois de sofrer acidente decorrente de uma forte tempestade.
Na embarcação havia 2.768 ampolas de glucantime, substância distribuída exclusivamente pelo Ministério da Saúde e que saiu de Brasília, conforme investigação da PF, obtida em inquérito policial instaurado em novembro de 2004 para apurar o caso.
Laptops
A decisão de enviar a coletânea de e-mails para a Abin partiu do presidente Lula, logo que a Folha pediu informações ao Planalto acerca do conteúdo do material encontrado no computador de Raúl Reyes -número dois da guerrilha colombiana morto em bombardeio. Até então, o tema permanecia apenas entre membros da cúpula lulista.
O dossiê não foi entregue a Lula pelo presidente Álvaro Uribe num encontro há duas semanas, como informou a revista "Cambio" nesta semana. Quem primeiro pôs as mãos na documentação foi o ministro da Defesa, Nelson Jobim, quando esteve em Bogotá, no final de junho, para tratar da criação do Conselho Sul-Americano de Defesa.
Depois de mirar o conteúdo dos e-mails e antes de apresentá-los a Lula, Jobim expressou a um assessor da inteligência militar seu temor de que o tema vazasse à imprensa.
Jobim cogitou não repassar as informações para a Abin, mas foi dissuadido por Lula, que encaminhou o caso ao general Armando Félix, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, ao qual a Abin está subordinada.
Os laptops de Reyes foram submetidos a uma auditoria da Interpol, que atestou sua inviolabilidade. Mas, por orientação da Presidência, o diretor da Abin, Paulo Lacerda, determinou que se avalie o grau de veracidade das informações das mensagens eletrônicas. A partir daí, será produzido um relatório consolidado que será enviado ao presidente Lula.
A revista "Cambio" publicou reportagem em que reproduz vários dos e-mails antecipados pela Folha em junho e julho. Sob o título "dossiê brasileiro", a revista diz que as Farc estariam infiltradas na cúpula do governo Lula, mas admitiu que nenhuma das mensagens foram assinadas por brasileiros.
Uma análise preliminar, concluída há 15 dias, determinou não haver vínculo direto entre integrantes do governo e membros das Farc, apesar da menção a contatos com assessores especiais de Lula, como Selvino Heck e Gilberto Carvalho.
A investigação será aprofundada, pois os organismos de inteligência, principalmente a Abin e o CIE (Centro de Inteligência do Exército), temem que representantes das Farc consigam se fixar no país com apoio de militantes de esquerda hoje acolhidos em escalões inferiores do governo Lula.
Como a Folha revelou em julho, há mais de 60 brasileiros citados nos 85 e-mails supostamente apreendidos nos computadores. Há preocupação de que alas radicais do petismo, mais do que simpatizantes, passem a abrir um espaço institucional para a militância do grupo colombiano no Brasil.
Hipótese não desprovida de fundamento, apesar do processo de esfacelamento das Farc, com a perda recente de seus principais líderes e de reféns políticos estratégicos para a guerrilha, como a ex-senadora colombiana Ingrid Betancourt. No Brasil, as Farc não são tratadas como grupo terrorista nem como movimento político, mas encaradas como um grupo guerrilheiro que se financia pelo tráfico internacional de drogas.
A desconfiança foi reforçada por uma ação da Polícia Federal em que agentes apreenderam cinco lotes de medicamento usado em tratamento contra leishmaniose no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), região sob forte influência da guerrilha colombiana.
Havia três colombianos na lancha, que acabou capturada pelos policiais depois de sofrer acidente decorrente de uma forte tempestade.
Na embarcação havia 2.768 ampolas de glucantime, substância distribuída exclusivamente pelo Ministério da Saúde e que saiu de Brasília, conforme investigação da PF, obtida em inquérito policial instaurado em novembro de 2004 para apurar o caso.
Laptops
A decisão de enviar a coletânea de e-mails para a Abin partiu do presidente Lula, logo que a Folha pediu informações ao Planalto acerca do conteúdo do material encontrado no computador de Raúl Reyes -número dois da guerrilha colombiana morto em bombardeio. Até então, o tema permanecia apenas entre membros da cúpula lulista.
O dossiê não foi entregue a Lula pelo presidente Álvaro Uribe num encontro há duas semanas, como informou a revista "Cambio" nesta semana. Quem primeiro pôs as mãos na documentação foi o ministro da Defesa, Nelson Jobim, quando esteve em Bogotá, no final de junho, para tratar da criação do Conselho Sul-Americano de Defesa.
Depois de mirar o conteúdo dos e-mails e antes de apresentá-los a Lula, Jobim expressou a um assessor da inteligência militar seu temor de que o tema vazasse à imprensa.
Jobim cogitou não repassar as informações para a Abin, mas foi dissuadido por Lula, que encaminhou o caso ao general Armando Félix, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, ao qual a Abin está subordinada.
Os laptops de Reyes foram submetidos a uma auditoria da Interpol, que atestou sua inviolabilidade. Mas, por orientação da Presidência, o diretor da Abin, Paulo Lacerda, determinou que se avalie o grau de veracidade das informações das mensagens eletrônicas. A partir daí, será produzido um relatório consolidado que será enviado ao presidente Lula.
A revista "Cambio" publicou reportagem em que reproduz vários dos e-mails antecipados pela Folha em junho e julho. Sob o título "dossiê brasileiro", a revista diz que as Farc estariam infiltradas na cúpula do governo Lula, mas admitiu que nenhuma das mensagens foram assinadas por brasileiros.
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